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Lula chama MST à luta: “Se demonstrarmos medo, vamos ser dizimados”

Lula chama MST à luta: “Se demonstrarmos medo, vamos ser dizimados”

Por Redação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos convidados do Encontro de Amigos e Amigos do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Sarzedo (MG), na noite desta sexta-feira (23). Ele discursou aos cerca de 400 presentes na plenária e relembrou da sua participação na assembleia de fundação do MST, em janeiro de 1985.

Lula novamente agradeceu à militância do MST pela solidariedade demonstrada a ele na Vigília , em Curitiba, durante os 580 dias que permaneceu preso. Também enfatizou a luta dos trabalhadores, não somente na ocupação de terras improdutivas, mas na produção de  orgânicos, na preservação da dos alimentos.

O petista demonstrou indignação com as contradições do sistema capitalista. Segundo Lula, em nome do desenvolvimento, o sistema provou ser “muito bom para acumular dinheiro para poucos e muito ruim para garantir o direito de muitos”.

“O resultado do desenvolvimento capitalista é que os capitalistas ficaram muito mais ricos e os pobres estão ficando mais pobres.”

Ele denunciou a conduta golpista do governo dos ao apoiar intervenções em outras democracias, citou o caso da Venezuela, da Bolívia e o golpe que destituiu a presidenta (PT) em 2016.

“Trump pensa em qualquer coisa, menos na paz, na democracia, nos diretos humanos e na autodeterminação dos povos.”

O ex-presidente argumentou que os golpes de Estado são motivados para impedir a continuidade de políticas de inclusão social e para permitir a apropriação capitalista das riquezas dos países.

Segundo ele, é necessário fortalecer uma narrativa sobre a soberania nacional, para garantir que o uso das riquezas naturais e intelectuais do país sirva ao povo brasileiro.

Lula citou ataques à soberania ocorridos a partir do governo de Michel Temer (MDB) e aprofundados no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), como a retirada de direitos trabalhistas, a permissividade nas políticas ambientais e a entrega das empresas públicas.

“O dinheiro que entrou nesse país não gerou emprego, entrou como resultado da entrega de empresas para o exterior.”

A postura da classe trabalhadora, para Lula, não pode ser de medo. “Eu com 74 anos vou ter que falar mais grosso. Se a gente demonstrar medo, nós vamos ser dizimados. Nós e as nossas conquistas. Vão acabar com a , com investimentos em ciência e tecnologia, quase tudo que a gente conquistou. Temos que levantar a cabeça e enfrentar”, defendeu.

Ele também avaliou o governo Bolsonaro: “é o que poderia estar acontecendo de pior para o nosso país, para o povo brasileiro”. Por outro lado, de acordo com ele, o atual governo “é o que está acontecendo de melhor para os capitalistas”. “Na lógica dessa gente, pobre tem que ser pobre para sempre”, enfatizou.

O ex-presidente concluiu seu discurso tirando o chapéu para o MST – Lula de fato sacou o boné do movimento que levava à cabeça –e convocando a militância para a luta pela reconquista dos direitos sociais. “O MST é uma das coisas mais primorosas da história desse país. Não permitam perder o que vocês conquistaram.”

“A gente diz que a sociedade está um pouco anestesiada, mas talvez a gente tenha culpa. Então o lema agora é o seguinte: se a gente não brigou ano passado, vamos ter que brigar muito esse ano”, sentenciou.

Fonte: Brasil de Fato


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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