Mulheres do Pantanal e Cerrado: força, liderança e empoderamento
“Mulheres são como águas, crescem quando se encontram”. Eventualmente, o Dia Internacional das Mulheres é a data oportuna para a reflexão sobre a luta das mulheres na busca por igualdade e conquista de direitos. Nas comunidades tradicionais do Pantanal e Cerrado, a luta não é diferente: as mulheres atuam para conquistar cada vez mais reconhecimento, representatividade e espaço na tomada de decisões.
Por Alíria Aristides/Ecoa
Há cada vez mais presença feminina em papéis de liderança nas comunidades tradicionais. Essas mulheres atuam na luta pela autonomia econômica e na conquista de mais direitos para outras mulheres, suas famílias e conservação de seus territórios.
Uma dessas lideranças é Natalina Mendes, que vive na comunidade pantaneira de Porto Esperança, a 70 km de Corumbá (MS) e é presidente da Associação de Mulheres do povoado. “Tenho presenciado aqui e em outras comunidades as mulheres se levantando como liderança.
Essa é uma palavra forte que antes só os homens podiam usar. Mas hoje, existem mulheres que se identificam com a liderança e assumem esse papel. Eu me sinto honrada de ser uma mulher na liderança, com determinação e garra para defender o lugar onde vivo”.
Entre as linhas de atuação da Ecoa nas comunidades, também está o apoio ao empoderamento feminino nas comunidades. Um dos mecanismos utilizados é o fortalecimento da conexão das mulheres por meio de redes, eventos, intercâmbios e estabelecimento de associações.
Nathália Eberhardt é pesquisadora da Ecoa e gestora de projetos na organização. É dela a responsabilidade de coordenar a Rede de Mulheres Produtoras do Pantanal e Cerrado, a Cerrapan.
A rede é composta por oito grupos de mulheres, organizados socialmente em Comunidades Tradicionais e Populações Locais do Cerrado e do Pantanal. Foi criada em 2015 com o objetivo de fortalecer a articulação coletiva de mulheres, que trabalham com os produtos da sociobiodiversidade e processos de manejos artesanais e sustentáveis.
Segundo Nathália, “as mulheres dos campos e das águas estão a cada dia se empoderando mais. Isso está nítido na representatividade dentro de suas comunidades e fora delas, na conquista de sua autonomia econômica e na conquista de mais direitos para mulheres, suas famílias e conservação de seus territórios”.
A pesquisadora também evidencia como as mulheres são fundamentais para a conservação de seus territórios e do meio ambiente. “As mulheres que estão nas comunidades rurais e tradicionais no Pantanal e no Cerrado fazem a diferença na manutenção da sociobiodiversidade. Elas estão na linha de frente de práticas de conservação dos recursos naturais nos territórios e isso é um fundamental para a questão ambiental”.
Rosana Claudina é agricultora, extrativista e presidente do Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Cerrado (Ceppec), que fica no assentamento Andalucia, em Nioaque (MS). O Ceppec tem a finalidade de capacitar, pesquisar e tornar-se um centro de referência para os trabalhadores rurais do Cerrado / Pantanal.
Rosana reforça a importância do trabalho exercido por mulheres em prol do meio ambiente, em especial na atividade do extrativismo sustentável.
“A gente percebe que grande parte do trabalho de extrativismo é desempenhado por mulheres. Normalmente são elas estão ali observando, cuidando, buscando conhecer para uso alimentício, medicinal. A grande importância da mulher na ação extrativista é que o Cerrado consegue se manter fortalecido, porque quando a mulher olha para o trabalho de extrativismo não é olhar predatório, é olhar de cuidado, de parceria“.
Alíria Aristides– Jornalista. Fonte: Ecoa. Foto: Alíria Aristides. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.