Era final da década de 1990, eu lecionava língua portuguesa na Escola Classe Cerâmicas Reunidas Dom Bosco, zona rural do Distrito Federal, já quase na divisa com Goiás.
Foi ali, numa sala de quinta série, que um menino chamado Jairo, de quem tenho muita saudade, me ensinou esta receita. Não me lembro mais de que falávamos, mas me lembro bem da pergunta:
– Professora, é o musse ou a musse?
Respondi que a palavra era um substantivo feminino, que vinha do francês “mousse” e que era uma delícia culinária.
– Eu sei fazer uma musse de maracujá muito boa – disse-me.
Confesso que duvidei, mas ele insistiu. Pedi a receita e disse que ia testar, mas que parecia simples demais para dar certo. Pois ele tinha mesmo a receita na ponta da língua e me passou.
Aquilo não me saía da cabeça e, ao chegar em casa, fui direto pra cozinha. Peguei os ingredientes e parti para o teste.
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Pois não é que deu certo? Tão certo que repito sempre aqui em casa e sempre me lembrando daquele menino esperto, alegre, metido a cozinheiro! Por onde andará o Jairo, sempre me indago…
Dele não sei faz muito tempo, mas a sua musse de maracujá permanece vivíssima!
Ingredientes
Musse
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite
2 maracujás
Calda
1 maracujá
4 colheres de açúcar
Modo de fazer
Ferva rapidamente a polpa de 1 maracujá com as 4 colheres de açúcar até formar uma calda transparente. Deixe esfriar.
Numa peneira, coloque a polpa dos outros 2 maracujás, vá pressionando com uma colher, até separar o suco das sementes. Despeje esse extrato de maracujá no liquidificador, junte o creme de leite e o leite condensado. Bata por cerca de 5 minutos até obter a consistência de uma maionese. Despeje numa vasilha, cubra com a calda já fria e leve para gelar!
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana do mês. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN Linda Serra dos Topázios, do Jaime Sautchuk, em Cristalina, Goiás. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo de informação independente e democrático, mas com lado. Ali mesmo, naquela hora, resolvemos criar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Um trabalho de militância, tipo voluntário, mas de qualidade, profissional.
Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome, Xapuri, eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás de grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, praticamente em uma noite. Já voltei pra Brasília com uma revista montada e com a missão de dar um jeito de diagramar e imprimir.
Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, no modo grátis. Daqui, rumamos pra Goiânia, pra convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa para o Conselho Editorial. Altair foi o nosso primeiro conselheiro. Até a doença se agravar, Jaime fez questão de explicar o projeto e convidar, ele mesmo, cada pessoa para o Conselho.
O resto é história. Jaime e eu trilhamos juntos uma linda jornada. Depois da Revista Xapuri veio o site, vieram os e-books, a lojinha virtual (pra ajudar a pagar a conta), os podcasts e as lives, que ele amava. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo a matéria.
Na tarde do dia 14 de julho de 2021, aos 67 anos, depois de longa enfermidade, Jaime partiu para o mundo dos encantados. No dia 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com o agravamento da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
É isso. Agora aqui estou eu, com uma turma fantástica, tocando nosso projeto, na fé, mas às vezes falta grana. Você pode me ajudar a manter o projeto assinando nossa revista, que está cada dia mió, como diria o Jaime. Você também pode contribuir conosco comprando um produto em nossa lojinha solidária (lojaxapuri.info) ou fazendo uma doação via pix: contato@xapuri.info. Gratidão!
Zezé Weiss
Editora
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