Nhanderu, o deus-luz Guarani da infinidade das cores

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Nhanderu, o deus-luz Guarani da infinidade das cores

Em guarani, “Nhanderu etê” significa “Deus Verdadeiro”. É o Deus de forma humana cujos olhos refletem a infinidade das cores. Onde aparece, reflete luz. Vaga pelo cosmos num veículo voador chamado “Bairý”.

“Nhanderu ete” percorreu o “Nhe’ê Rekuagui”, o “lugar das almas”, o mundo dos espíritos. De lá trouxe “Nhande ypy”, o “Primeiro Homem”, transportando-o em seu “Bairý” até a Terra.

Chegando aqui em nosso planeta, “Nhanderu ete” advertiu a “Nhande ypy” que sua missão era povoar a Terra e não permitir que o egoísmo tomasse conta dos corações de seus descendentes.

Acrescentou o deus que o egoísmo tornar-se-ia a raiz de todo o mal da humanidade pois desencadeia as guerras e toda sorte de violência do homem contra o homem.

Advertiu para que os homens prezassem por sua memória, cujo exemplo inspiraria os homens a praticar o bem. Nascia ali a religião guarani
Deus se revela aos pequeninos. Porque não aos pequeninos Guaranis?

A figura primária na maioria das lendas guaranis da criação é Iamandu (ou Nhanderuvuçu ou Tupã), o Deus trovão e realizador de toda a criação.
 
Com a ajuda da deusa lua Jaci (ou Araci), Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Areguá, no Paraguai, e, deste local, criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento.

Tupã, então, criou a humanidade (de acordo com a maioria dos mitos guaranis, eles foram, naturalmente, a primeira raça criada, com todas as outras civilizações nascidas deles) em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza.

Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu.

Os humanos originais criados por Tupã eram Rupave e Sypave, nomes que significam “Pai dos povos” e “Mãe dos povos”, respectivamente. O par teve três filhos e um grande número de filhas.

Fontes originárias dos conteúdos desta matéria: br.answers. pt.wikipedia

Foto: Pictame


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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