relatório climático

O relatório climático que a Casa Branca de Trump não quer que você veja

O relatório climático que a Casa Branca de Trump não quer que você veja

“A decisão de divulgar esse relatório quando as famílias estão começando a celebrar o fim de ano e as redações de jornais estão com poucos funcionários é uma tentativa de enterrar a verdade”

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Créditos da foto: Casa em chamas durante o incêndio de Woolsey, em 9 de novembro de 2018 em Malibu, Califórnia (David McNew/Getty Images)

Em uma manobra denunciada por ambientalistas e jornalistas como um esforço para enterrar fatos que vão de encontro com o negacionismo do presidente e sua agenda pró-combustíveis fósseis, a administração Trump usou a sexta-feira depois do Dia de Ação de Graças para, silenciosamente, divulgar o Volume 2 da Quarta Avaliação Climática Nacional (NCA4), que alerta que “o clima da está, agora, mudando mais rápido do que em qualquer outro momento da história da civilização moderna” e conclui que “as emissões de gás do efeito estufa advindas da atividade humana são os únicos fatores responsáveis” pelo aquecimento ameaçador do planeta.

“A decisão de divulgar esse relatório quando as famílias estão começando a celebrar o fim de ano e as redações de jornais estão com poucos funcionários é uma tentativa de enterrar a verdade do público de que precisamos agir agora para descartar os combustíveis fósseis e estabilizar o clima”, declarou Wenonah Hauter, diretora executiva do Observatório & Água.

“Divulgar esse relatório quando ninguém está olhando, tuitando sua bobagem anual sobre e o clima frio, e anunciando que usará as próximas reuniões climáticas da ONU como um palanque para os combustíveis fósseis, Trump está dobrando sua negação climática para o fim de ano – enquanto muitas famílias ainda estão cambaleando por causa dos desastres climáticos não naturais ao redor do país”, continuou Hauter. “A ciência já está muito avançada no tocante da mudança climática … devemos nos preparar para nosso climático com ou sem Trump.”

Desde incêndios florestais à furacões catastróficos e outros eventos climáticos extremos, os “impactos da mudança climática global já são sentidos nos EUA e é previsto que se intensifiquem no futuro”, nota o relatório encomendado pelo congresso – o primeiro do tipo a ser divulgado desde que o presidente Donald Trump iniciou seu mandato em 2017.

Escrito por representantes de mais de uma dúzia de agências federais, o relatório alerta que na ausência de ações agressivas para cortar rapidamente as emissões de , a climática continuará a ter efeitos cada vez mais devastadores no meio ambiente, na vida selvagem, e saúde humana.

“É bem provável que alguns impactos, como os efeitos da desintegração do lençol glacial no aumento do nível do mar e do costeiro, serão irreversíveis por milhares de anos, e outros, como de espécies, serão permanentes”, alerta o relatório.

Usando a hashtag #ClimateFriday, ambientalistas trabalharam para superar a tentativa da administração Trump de esconder a NCA4 em meio ao caos das festas de fim de ano, salientando as descobertas do relatório e alertando para as implicações se uma ação climática global ambiciosa não for tomada.

“Esse relatório deixa claro que a mudança climática não é um problema de um futuro distante”, declarou Brenda Ekwurzel,diretora de ciência climática da UCS. “Está acontecendo agora em todas as partes do país.”

O Washington Post resumiu as principais descobertas do relatório levando em consideração grandes regiões dos EUA:

Faixas das montanhas ocidentais já estão retendo menos neve ao longo do ano, ameaçando suprimentos de água abaixo delas. Os recifes de corais no Caribe, Havaí, Flórida, e nos territórios norte-americanos do Pacífico estão vivenciando descoloração severa. Incêndios florestais estão devorando porções ainda maiores de terra durante temporadas maiores de incêndio. E o Alasca está vendo uma taxa de aquecimento estarrecedora que está rompendo seus , de linhas costeiras congeladas à tundras permafrost em degelo.

O relatório federal surge enquanto ativistas climáticos e progressistas como Alexandria Ocasio-Cortez (Democratas-NY) estão exigindo que o Partido Democrata combata a agenda de combustíveis Fosseis da administração Trump com ações climáticas ambiciosas com um Novo Acordo Verde.

“Não é suficiente pensar que ‘é importante’. Tem que ser urgente”, tuitou Ocasio-Cortez. “Por isso que precisamos de um Comitê Selecionado para um Novo Acordo Verde, e porquê representantes financiados pelos combustíveis fósseis não deveriam escrever políticas de mudança climática.”

“A mudança climática está causando mais climas extremos, prejuízos irreparáveis à comunidades, custando bilhões de dólares por ano, e levando à incontáveis . Podemos deter a destruição climática, mas somente se agirmos rapidamente para encerrar o uso de combustíveis fósseis e transicionar para uma energia 100% limpa e renovável”, concluiu Hauter. “Essa transição não é somente possível, como necessária para a saúde e prosperidade das pessoas no planeta.”

ANOTE AÍ

Fonte: Carta Maior

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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