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Pela legalização de todas as drogas!

Pela legalização de todas as drogas!

Como todo mundo está comentando o voto conservador do ministro Cristão Zanin na questão das drogas, vou também dar o meu pitaco sobre a matéria, com todas as vênias!

Por ACQ

Embora eu tenha cara de careta, sou adicto a café e a Cabernet Sauvignon, e, nessa condição, sou, em tese, favorável à legalização de todas as drogas, com o correspondente reconhecimento dos traficantes como comerciantes de estupefacientes, futuros pagadores de impostos.

Nunca entendi a discriminação das drogas. Por que são legais apenas as religiões, o tabaco, o , as bebidas alcoólicas, e os opiáceos, vendidos nas drogarias, propriamente?

Com grana, você tem acesso livre a qualquer tipo de narcótico, mas, com a legalização, você deixaria de correr o risco de se tornar mais uma vítima da “guerra contra as drogas”, na verdade, uma guerra preferencial contra os pobres e pretos, obrigados a ganhar uns trocados na cadeia da distribuição.

Maconha (cânhamo) daria uma excelente alternativa ao mercado das fibras têxteis.

O crack, que mata o usuário em poucos meses pelo excesso de toxicidade, a gente poderia proibir, porque a legalização necessariamente incluiria o controle de qualidade por parte da Anvisa.

Isso mesmo, se a coisa é legal no comércio tem que haver controle de sua qualidade, como se faz com a cachaça e com o fentanil.

A Cracolândia a gente poderia resolver por partes, a começar pela hospedagem dos usuários que moram na rua em um hotel municipal com centro de para lhes dar atenção médica e psicológica permanente.

Na Europa, o Estado assiste, a um custo claramente menor, os usuários de heroína, fornecendo-lhe seringas, o que evita a disseminação de doenças transmitidas por agulhas usadas coletivamente.

O dinheiro hoje gasto com a compra de balas perdidas e equipamentos para a polícia seria utilizado em campanhas educativas sobre os efeitos deletérios das drogas. Consumir, ok, mas com lucidez!

O primeiro cartaz poderia ter os seguintes dizeres: “A água é o elemento mais importante para a sustentação da vida. Sem água não é possível fazer café!”

ACQ – Antonio Carlos Queiroz – Jornalista  Capa:Divulgação/Marcha da Maconha BSB


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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