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Pelas 500 mil vidas perdidas para a Covid-19: Fora, Inominável Genocida! 

Pelas 500 mil vidas perdidas: Fora Inominável Genocida!

Pelas 500 mil vidas perdidas para a Covid-19: Fora Inominável Genocida! 

Governo negou a compra de vacinas por mais de 14 vezes…

Cerca de  500 mil vidas já foram perdidas para a COVID-19 no Brasil. Quase meio milhão de famílias, entes queridos e demais setores da sociedade afetados com um vazio. Pior que a morte é a falta que vem do nada, sem enterro, sem despedida, e que poderia ter sido evitada, em parte dos casos.

Por Iêda Leal

Hoje é fato conhecido que o governo Bolsonaro recusou comprar vacinas contra a COVID-19 por 14 vezes, inclusive vacinas da Pfizer oferecidas em 2020 pela metade do preço pago por , Reino Unido e União Europeia. Estima-se que 70 milhões de doses poderiam ter chegado ao Brasil a partir de dezembro de 2020; no entanto, a vacinação só começou dia 17 de janeiro deste ano.

Mas, afinal, um governo que tratou a pandemia como gripezinha desvela desde o início seu ataque contra o povo. A grande aposta do governo atual, sempre preocupado com os interesses dos grandes empresários e perpetuando a de morte da polícia, seguiu pelo caminho do negacionismo, do fascismo e do racismo, interessado no desprezo da ciência e em uma imunização de rebanho, à la “quem morreu, morreu”.

Segundo a revista Super Interessante, o orçamento para o Conselho Nacional de Científico e Tecnológico (CNPq), órgão que promove e estimula o desenvolvimento da ciência e tecnologia, caiu de R$ 1 bilhão em 2020 para R$ 898 milhões, em 2021.

Além disso, o governo realizou cortes no orçamento de Universidades Federais que ameaçam o fechamento das instituições, como a Universidade Federal de (UFG), e irão afetar mais de 70 mil pesquisas, sendo 2 mil relacionadas à pandemia.

Além das em decorrência do Coronavírus, o governo Bolsonaro carrega em suas mãos o sangue do esfacelamento dos bens públicos, enquanto observa com olhos gananciosos a PEC 32, que ataca diretamente os/as servidores/as públicos/as. Por esses e tantos outros motivos, dizer “Fora, Bolsonaro genocida!” é urgente e necessário.

Um governo que trabalha em prol da morte e dos grandes magnatas não está – e nunca esteve – preocupado nem com o seu eleitorado. A vacina contra a COVID-19 é um dos caminhos para desmontar o negacionismo do presidente, mas, junto com ela, precisamos vacinar todos e todas contra o fascismo, o racismo e o preconceito e voltar as preocupações e apoio para a defesa da ciência e da vida.


[authorbox authorid=”” title=”Sobre a Autora”]

Iêda Leal – Tesoureira do SINTEGO / Secretária de Combate ao Racismo da CNTE / Coordenadora Nacional do MNU / Coordenadora do Centro de Referência Negra Lélia Gonzalez / Secretária de da CUT-Goiás.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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