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Raoni entrega carta a Macron

Raoni entrega carta a Macron

Raoni entrega a Macron carta assinada por 58 organizações com pedido de ação do G7 pela – 

Três meses depois de sua turnê pela Europa – na qual denunciou ameaças ao Xingu e à Amazônia e pediu apoio financeiro –, o líder indígena Raoni Metuktire, da etnia Kayapó, volta a encontrar Emmanuel Macron, presidente francês, para entregar-lhe uma carta redigida por 58 organizações e redes da sociedade civil e parceiros internacionais.

 
 
Na carta, além de atribuir as  na Amazônia e outras regiões do , em boa parte, ao desmonte da política ambiental realizada pelo governo Bolsonaro, as signatários pedem que as sete potências econômicas garantam mecanismos efetivos para “evitar a importação de commodities brasileiras produzidas em áreas de  e mediante violações de “.
Eles afirmam que, tanto as queimadas como o desmatamento, não são problemas recentes, mas se agravaram em 2019 como “resultado direto do comportamento de Jair Bolsonaro”, que promoveu “o desmonte sistemático e deliberado da capacidade operacional do IBAMA e de outros órgãos federais responsáveis pela fiscalização de atos ilegais de grilagem de terras públicas, derrubadas e queimadas, e exploração madeireira e mineral”. O texto ainda destaca a impunidade a crimes ambientais. É fato que, em contraponto ao aumento do desmatamento, as multas ambientais diminuíram consideravelmente.
Além de maiores cuidados com a origem de commodities importados, os signatários da carta reivindicaram aos países membros do G7 a adoção de politicas austeras sobre investimentos de empresas e instituições financeiras em empreendimentos na Amazônia, para evitar que contribuam para elevar o risco de violações dos direitos humanos e da legislação ambiental.
Eles ainda recomendam que os países do G7 adotem medidas concretas, “no caso de uma mudança efetiva de postura do governo Bolsonaro, no sentido de contribuir para esforços do governo e da sociedade no enfrentamento do desmatamento e das queimadas na Amazônia, com os meios de implementação necessários à consecução de políticas de enfrentamento das mudanças do clima alinhadas com o objetivo de 1,5 ºC do Acordo de Paris”.
As organizações signatárias da carta entregue à Macron também sinalizaram exigências feitas ao governo brasileiro como a adoção de cinco medidas:
1. moratória a projetos legislativos que impliquem em retrocessos ambientais (esta semana, ex-ministros do entregarão carta para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, assim como do STF);
2. 
apoio efetivo a ações contra o crime ambiental, lideradas pelo IBAMA;
3. 
destravamento de processos de e homologação de territórios indígenas, “assim como os direitos territoriais de comunidades e outras populações tradicionais”,
4. “recriação do comitê orientador e retomada das atividades do 
Fundo Amazônia e
5. retomada do 
Plano de Ação de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia e no , abandonado pelo governo, garantindo recursos financeiros adequados, transparência e participação de entes federados e sociedade civil”.
Após encontro com Macron, Raoni conversou com a imprensa. “Bolsonaro é o principal mentor dos problemas que estão acontecendo no Brasil. Sua posição incentiva fazendeiros a atear fogo, porque eles se sentem respaldados por um chefe de Estado”.
O cacique Raoni fica até setembro na Europa porque participará do Climax – Eco Mobilisation, encontro alternativo que mescla conferências, música e cinema e tratará de  e floresta amazônica, em Bordeaux, na França, de 5 a 8 de setembro, onde falará no dia 7.
Agora, leia a carta – Declaração de Organizações da Sociedade Civil sobre a Crise do Desmatamento e Queimadas na Amazônia Brasileira – na íntegra e assista (abaixo) ao vídeo gravado em 23 de agosto, em Lindau, na Alemanha, em que Raoni alerta sobre os incêndios na floresta amazônica e denuncia a política destruidora de Bolsonaro.

Fontes: ISA, Observatório do Clima – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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