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REBECA ANDRADE PRATA NOSSA DO BRASIL

Rebeca Andrade Prata Nossa do
 
Minha mãe não tinha dinheiro e eu faltava mais aos treinos do que ia. Ela ficava cansada de ir a pé e voltar do quando me dava o dinheiro para a passagem. Meu irmão então comprou uma bicicleta e me levava, mas às vezes ela quebrava. Ela pedia dinheiro emprestado para que não faltasse . E como não sobrava, não podíamos comprar outras coisas. Roupa eu ganhava das pessoas que me conheciam e doavam.”

 Rebeca Andrade iluminou Paris com seus 56.465 pontos (contra  59.131 pontos de Biles e  56.465 de Sunisa Lee, ouro em Tóquio, que ficou com o bronze nas Olimpíadas de Paris.  “Rebeca entregou precisão e graciosidade em saltos incríveis e coreografias cheias de charme e originalidade”. Viva Rebeca Andrade, Prata nossa do Brasil!

REBECA ANDRADE PRATA NOSSA DO BRASIL
Rebeca Andrade é prata no individual geral — Foto: Luiza Moraes/COB

QUE SALTO! 

REBECA ANDRADE PRATA NOSSA DO BRASIL
Rebeca Andrade nas finais do individual geral, Olimpíadas — Foto: Hannah Mckay/Reuters
REBECA ANDRADE PRATA NOSSA DO BRASIL
Poster Rebeca – Imagem: Reprodução/Facebook
No Brasil, é preciso entender as dificuldades que uma pessoa preta tem de chegar no alto rendimento, de ter oportunidades, para tentar ajudar as pessoas.
 
“PARA MOSTRAR QUE “PRETO É CAPAZ!”

Inspirada pela também ginasta negra brasileira Daiane dos Santos, Rebeca, filha de uma empregada doméstica com sete filhos, começou sua carreira no social Iniciação Esportiva, da Prefeitura de Guarulhos, em , onde ganhou o apelido de “Daianinha de Guarulhos”. O talento de Rebeca ficou evidente logo cedo e ela se tornou uma aposta nessa modalidade. 

Conforme noticiou o jornal O Globo, “não demorou muito para que a chamasse a atenção de quem entende. Mônica Barroso dos Anjos, técnica da equipe de ginástica de Guarulhos e árbitra internacional, viu a menina no projeto e começou a treiná-la. Em pouco , Rebeca já estava  no grupo de alto rendimento, competindo em estadual, brasileiro e até mesmo torneios internacionais”. 

As dificuldades financeiras foram sendo sanadas por meio de uma rede de apoio que foi se formando em torno da talentosa menina. E a partir de 2012, ela foi para o Flamengo. Aos 13 anos, já se tornou campeã brasileira.

Ouro em Tokyo, em 2022, Rebeca Andrade continua no topo: é prata nossa do Brasil! 

Fonte: Portal Vermelho

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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