Regina Sousa: Uma mulher negra no Governo do Piauí
Por Iêda Leal
Negra, ex-professora e ex-quebradeira de coco, a petista Maria Regina Sousa é a primeira mulher a governar o Piauí. Aos 71 anos, Regina Sousa, como é conhecida, assumiu a vaga de Wellington Dias (PT), que renunciou ao cargo de governador para disputar uma vaga do Senado nas eleições de outubro.
Vinda de uma família muito pobre, Regina Sousa nasceu em União, localizada a 65 km de Teresina, capital do estado, onde, quando criança, ajudava os pais no roçado. À medida que foi crescendo, tornou-se quebradeira de coco até mudar-se para Parnaíba, também no Piauí, para cursar o ensino médio.
Na década de 1970, conseguiu formar-se professora e encontrou emprego na escola Eunice Weaver, da rede estadual, que era chamada “Preventório”, porque ali só estudavam filhos de pessoas com hanseníase.
Em 1976, Regina graduou-se em letras, com habilitação em língua portuguesa e língua francesa, pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde chegou a ser professora de francês. Em seguida, a professora Regina tornou-se uma grande sindicalista e uma grande militante política.
Em 1978, ela foi uma das fundadoras e a primeira presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Piauí. Uma das fundadoras do PT no estado, entre 2003 e 2010, foi secretária de Administração do governo de Wellington Dias. Em 2010, foi eleita primeira suplente do senador Dias, de quem herdou a vaga, quando ele deixou o cargo para disputar o governo, em 2014.
Como senadora, Regina Sousa estabeleceu como prioridades a luta de defesa dos direitos humanos, do meio ambiente e da participação de mais mulheres na política.
Ao assumir o governo do Piauí, Regina Sousa dá seguimento às conquistas de mulheres negras como Benedita da Silva, primeira vereadora negra eleita pelo PT (1982), primeira senadora negra do Brasil (1994), e primeira mulher negra a assumir o governo do Rio de Janeiro, em 2002.
Como governadora, Regina Sousa entra para o seleto grupo das três mulheres a governar um estado brasileiro neste ciclo eleitoral de 2018–2020. Ela se junta a Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte, eleita pelo voto popular em 2018, e Isolda Cela (PDT), do Ceará, substituta do Governador Camilo Santana (PT), que disputa uma vaga ao Senado em outubro.
Iêda Leal – Tesoureira do SINTEGO/ Secretária de Combate ao Racismo da CNTE / Coordenadora
Nacional do MNU / Coordenadora do Centro de Referência Negra Lélia Gonzalez / Secretária de
Comunicação da CUT-Goiás.