Sobre Abelhas e Espatódeas

Sobre e Espatódeas – 

“Não sei se o é bom
Mas ele ficou melhor
Quando você chegou
E perguntou:
Tem lugar pra mim?”

Esses versos da canção Espatódea são para a filha de Nando Reis, para quem ele compôs a letra, mas bem poderiam ser para a árvore que dá nome à música.

A Espatódea (Spathodea campanulata) é uma árvore exótica, originária da África, que tem feito muito sucesso no Brasil, sendo plantada em calçadas, quintais e sítios. Isso porque, além de linda, com majestosas flores vermelho-alaranjadas, a planta tem crescimento rápido – sendo uma ótima opção para paisagismo.

As nossas abelhas, porém, não podem dizer que o “mundo ficou melhor” com a chegada da Espatódea. É que o néctar das suas belas flores é tóxico para elas – e para outros insetos (https://goo.gl/vW4ne1). Inclusive, ela está na lista das 100 piores espécies invasoras do mundo, elaborada pelo Grupo de Especialistas em Espécies Invasoras da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN): http://www.iucngisd.org/gisd/100_worst.php.

Ou seja, a intenção de quem planta a árvore pode ser a melhor possível (assim como a de Nando Reis ao homenageá-la), mas, sem querer, a Espatódea está prejudicando a nossa . Por essa razão, se você pretende plantar uma árvore na sua rua ou quintal, escolha uma espécie que seja nativa do . Assim você estará fazendo uma bela homenagem às abelhas e ao .

Fonte: A.B.E.L.H.A.

Foto de Capa: Bee News


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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