A Terra é redonda, Bolsonaro é Cinza e Lula Livre!

 A Terra é redonda, Bolsonaro é Cinza e Livre!

Por Nilto Tatto

“O discurso de Bolsonaro para a Assembleia Geral da ONU não foi para a comunidade internacional: foi um discurso raso escrito para agradar alguns de seus eleitores”

O discurso de Bolsonaro para a Assembleia Geral da ONU não foi para a comunidade internacional: foi um discurso raso escrito para agradar alguns de seus eleitores e isso vários analistas já identificaram.

Mas o horror de um presidente brasileiro expondo os problemas domésticos dessa forma, com uma postura tão imatura e despreparada, por menos surpreendente que seja vindo de quem veio, é chocante. Claro, sem citar outras vergonhas anexas.

O Brasil, que em 2014 foi premiado pela ONU por suas políticas bem-sucedidas para diminuição da emissão de gases (incluindo combate ao desmatamento) teve sua participação na cúpula sobre mudanças climáticas vetada por não cumprir os compromissos firmados, como aconteceu também com Estados Unidos e Japão, por exemplo.

É esse o exemplo estado-unidense que nosso país replica. Para nossa sorte, Paloma Costa, uma jovem pesquisadora de 27 anos falou por nós pedindo que todos os países declarem emergência climática. Paloma certamente nos representa mais e melhor do que qualquer membro do governo.

Ao contrário do afirmado no discurso que ganhou as manchetes internacionais da forma mais negativa possível, o governo não tem compromisso com a agenda ambiental: a demissão de diversos pesquisadores e funcionários de carreira dos órgãos ambientais substituindo-os por militares que desconhecem a área, o corte de verbas estrondoso, a negação da tecnologia brasileira que monitora o desmatamento desde 1988 (PRODES) provam tal afirmação.

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No dia 7 de agosto o Ministério Público alertou o governo federal sobre as mais de 70 pessoas ligadas à agricultura e pecuária que organizaram, via whatsapp, o “dia do fogo”, que deu início à grandes queimadas na ; ainda assim nada foi feito. E, ao contrário do que diz Bolsonaro – que além de mentir, nega a ciência – florestas tropicais não têm combustão espontânea, qualquer estudante de ensino médio sabe disso.

E nunca é demais dizer que não são os que incendeiam as florestas como levianamente ele disse e sim os ruralistas, como o próprio documento do Ministério Público apontou no caso do “dia do fogo”.

É horrendo o racismo pautado em um indigenismo ignorante e antigo que inundou o discurso de Bolsonaro. Os povos indígenas não precisam das pessoas brancas para os defenderem, nunca precisaram. Somos nós quem precisamos deles para sobrevivermos, pois, sempre foram eles os guardiões da vida neste planeta.

Se ainda há florestas é graças a esses povos, que não deveriam ser usados como testa-de-ferro por ninguém, nem de um lado, nem de outro. O modelo de desenvolvimento que os brancos inventaram está levando a Terra um colapso tamanho que, neste ritmo, segundo a pesquisas, em 70 anos lugares como  estarão inabitáveis.

E desqualificar uma liderança mundialmente reconhecida – por todos os campos ideológicos – como é Raoni Metuktire, um guerreiro ancião com quase 90 anos de idade e que hoje viaja o mundo para defender seu – não só os indígenas, mas todo o povo brasileiro – é um ataque direto a tudo que nos faz ser uma Nação.

A carta que cita Ysany Kalapalo já foi fortemente criticada pelos povos indígenas, e diversos líderes do Xingu já esclareceram que as posições de Kalapalo em nada refletem o pensamento da maioria daquele povo, nem de outros povos tradicionais e originários do Brasil.

O PT, que tem tantos filiados indígenas de diversas etnias e diferentes realidades, pode, neste momento, ter em dizer que esses povos não se sentem representados pelo pensamento expresso por Ysany da mesma forma que nós todos, como Nação, não nos sentimos representados pelo atual governo.

Dizer que ONGs estão a serviço de interesses escusos em uma Assembleia da ONU é assinar um atestado de ignorância e incompetência. É a prova do profundo desconhecimento sobre os atores que compõem uma sociedade.

Criticar o debate sobre gênero e sexualidade é assinar atestado de homofobia diante dos maiores líderes mundiais, e isso o planeta todo já estampa na mídia. Bolsonaro escancarou o caráter ultra-direitista de seu governo, este sim, corrupto, nefasto, intolerante, ignorante e ideológico.

Afirmar que sofrem intolerância e finalizar o discurso com uma frase bíblica em um momento onde os religiosos de matriz africana sofrem ataques em todo o Brasil (templos quebrados e impedidos de funcionar, imagens depredadas, sacerdotes e fieis ameaçados) é negar a realidade brasileira e as culturas dos povos não-cristãos, estas, sim, sob verdadeiro ataque.

Isso tudo vindo do líder do país que abriga a maior comunidade islâmica fora de um país islâmico, a maior população negra em um país fora da África, a maior comunidade japonesa fora do Japão e tantas outras culturas aqui presentes que de uma ou outra maneira vem sofrendo ataques de fundamentalistas.

Pior: tudo isso feito diante de uma Assembleia com todas as culturas que no Brasil se encontram. Fiquei imaginando o que pensavam os representantes de Benin, Nigéria, do Egito, Marrocos, Japão…

Não resta dúvidas para o mundo todo, a limitação  da ultra-direita. Concordo com alguns analistas quando dizem que Bolsonaro fez um bem ao mundo, porque lá fora, hoje, ninguém quer virar um Brasil, o que pode enfraquecer substancialmente esse grupo. E depois de tantos elogios de Bolsonaro ao Trump na ONU, o Congresso dos EUA oficializou o processo de impeachment de Trump.

Quanto a nós, seguiremos em pé, em luta, em defesa da  e trabalhando para que novamente o Brasil seja recebido com aplausos calorosos na ONU. E seguiremos denunciando a prisão política de Lula, já reconhecida por toda a comunidade internacional. Somos muitos, e sabemos: a Terra é redonda, senhor presidente. #LulaLivre

Nilto Tatto é Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT e Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara Federal

Fonte: PT


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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