Rosane Santiago Silveira, 59, ambientalista, agitadora cultural e ativista de direitos humanos, foi brutalmente assassinada na cidade de Nova Viçosa, sul da Bahia, no último dia 29 de janeiro. Ela foi encontrada morta dentro de sua casa, com pés e mãos atados e feridos, pano em volta do pescoço (indicando estrangulamento), duas perfurações por arma branca (possivelmente faca) e uma perfuração por arma de fogo na cabeça (possivelmente por trás).
O caso foi inicialmente tratado pela polícia como “latrocínio” (roubo seguido de morte), embora objetos de valor, entre eles o notebook da vítima, não tenham sido levados, e dos claros indícios de tortura.
Rô Conceição / Foto: Reprodução
Rosane nasceu em Vitória (ES) em 1960, tendo passado a maior parte da vida em Belo Horizonte, onde teve três filhos. Participou da luta pela ocupação de moradia Borges da Costa, do movimento sindical, da defesa de direitos humanos e da organização de espaços culturais. Foi criadora da cantina natural do Diretório Acadêmico do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde eramrealizados eventos artísticos, políticos e agroecológicos.
Conhecida carinhosamente como Rô Conceição, a ambientalista vivia há 18 anos em Nova Viçosa, onde vinha lutando para criar uma associação de proteção da ilha de Barra Velha e denunciando o uso predatório dos recursos naturais por empreendimentos locais. Integrava o Conselho da Reserva Extrativista de Cassurubá. Criada em 2009, a área de proteção ambiental contrariou o interesse de empresários do ramo do turismo e fazendeiros de camarão da região.
Rô Conceição junta-se às dezenas de ativistas ambientais assassinatos a cada ano no país. Sua família, amigos e todos aqueles que lutam por justiça social, clamam por respostas.
Segundo a organização internacional Global Witness, o Brasil é o país que contabilizou o maior número de assassinatos de defensores de direitos humanos e socioambientais em 2017. Foram 57 execuções, contra 48 nas Filipinas, segundo lugar desse vergonhoso ranking.
Fonte: http://www.midia1508.org/2019/02/12/ambientalista-e-torturada-e-morta-no-sul-da-bahia
Ambientalista Rosane Santiago, torturada e assassinada na Bahia, defendia a Ilha de Barra Velha
Da: Carta Campinas

“Infelizmente, a sensação hoje é de insegurança total, pela ausência do Estado para poder cumprir a pretensão punitiva. Durante o Natal, junto com ela, todo mundo percebeu que ela estava preocupada e, agora, sabemos que ela tinha feito três Boletins de Ocorrência por ameaça de morte”, relatou Tuian, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.
Há 18 anos vivendo em Nova Viçosa, onde lutava para criar uma associação de proteção da Ilha de Barra Velha – área de reserva ambiental extrativista –, além de denunciar a exploração na região, ela integrava o Conselho da Reserva Extrativista de Cassurubá. “O terreno onde ela morava, um tempo depois de sua mudança, tornou-se um local reservado para o trabalho extrativista. Então, ela lutava para defender essa reserva e outras do entorno, para impedir o avanço da plantação do eucalipto”, explicou Tuian.
Segundo o filho, a mãe foi encontrada morta dentro de sua casa, com pés e mãos atados e feridos, pano em volta do pescoço e perfurações por arma branca e de fogo na cabeça. “Eu olhei o corpo de forma informal para saber as lesões. Foi uma cena de tortura. Ela foi esfaqueada, amarrada, com sinais de luta, além de um tiro pelas costas”, contou.
Ainda de acordo com Tuian, a repercussão da morte de Rosane criou um clima de pavor na cidade. “Todo mundo ficou assustado. Minha mãe é alegre, tinha boa convivência com as pessoas, apesar de ser dura nas lutas. Ela sempre foi amistosa e tratava as pessoas com proximidade”, disse.
Rose junta-se às dezenas de ativistas ambientais assassinados a cada ano no Brasil. O país liderou, em 2016 e 2017, ranking de assassinatos de ativistas ambientais, segundo a ONG britânica Global Witness, que relatou 57 execuções em 2017. (Da RBA)