Tratamento contra o câncer usando imunoterapia avança

Uso de imunoterapia contra câncer avança, apesar de custos e limitações

Uma das ressalvas é que o método ainda se mostra eficaz só para cerca de 20% dos pacientes

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De acordo com os especialistas, os tratamentos que utilizam drogas imunoterápicas já são aplicados rotineiramente nos consultórios. Cinco delas foram aprovadas no para diversos tipos de câncer, como melanoma, linfoma de Hodgkin e tumores de pulmão, bexiga, cabeça e pescoço.

A maior parte dessas terapias envolve os chamados “bloqueadores de checkpoint”. Basicamente, eles obstruem um receptor das células do sistema imunológico que é utilizado pelos tumores para se tornarem invisíveis às defesas do organismo.

“Há muito se imaginava que o sistema imunológico poderia atacar o câncer, especialmente alguns tipos de tumores mais ‘visíveis’ para ele, como o melanoma e o câncer de rim. Mas os medicamentos que existiam para isso tinham eficácia muito baixa. O que mudou radicalmente a maneira como enxergamos a imunoterapia para o câncer foi o lançamento das primeiras drogas bloqueadoras”, explica o médico William William, diretor de Oncologia Clínica da Beneficência Portuguesa (BP), em .

Um das ressalvas é que o método ainda se mostra eficaz só para cerca de 20% dos pacientes. “No entanto, tem uma enorme vantagem: quando funciona, os benefícios são de longo prazo – ao contrário do que ocorre com a quimioterapia – e os efeitos colaterais são bem menores”, explica William.

Segundo o médico Vladmir Cordeiro de Lima, do departamento de Oncologia Clínica do Hospital AC Camargo, em São Paulo, o baixo número de potenciais beneficiados não impede que a técnica seja considerada uma . “De fato, temos um novo paradigma. Um dos grandes atrativos é que essas drogas têm funcionado bem para metastáticas e já começam a ser aplicadas em fases mais precoces do tratamento.” Quando há retorno, a sobrevida dos pacientes pode triplicar.

Estratégia

Além da eficácia limitada, outro problema com as drogas imunoterápicas, segundo os especialistas, é o preço. Uma única caixa de pembrolizumab, por exemplo, que é um dos medicamentos aprovados no Brasil para melanoma em estágio avançado, custa cerca de R$ 18,8 mil. Um tratamento de um ano pode chegar a R$ 582 mil. Os pacientes que conseguem a cobertura desses medicamentos pelos planos de são exceções e, para o oncologista Artur Katz, do Hospital Sírio Libanês, o preço não cairá. “Essas drogas são extraordinariamente caras no mundo todo, e esse é um problema global.”

Os caminhos para superar o problema do preço dos imunoterápicos – assim como as limitações da eficácia -, segundo Lima e William, passam pelo aprimoramento das estratégias para identificar os pacientes que mais se beneficiam das drogas imunoterápicas. “A relação custo-benefício melhora”, afirma William.

O AC Camargo, por exemplo, já tratou cerca de 400 pacientes com as novas drogas nos últimos sete anos e está terminando a instalação de um Centro de Imunoterapia, com cerca de 70 médicos de várias especialidades. O oncologista norte-americano Kenneth Gollob foi trazido em setembro especialmente para liderar o novo grupo. Ele conta que o centro adquiriu duas máquinas que chegarão ao Brasil em agosto e permitirão “direcionar os pacientes que mais terão benefício”.

Segundo Gollob, há várias razões para que alguns pacientes respondam à imunoterapia melhor. “A eficácia depende muito dos marcadores genéticos presentes no tumor. Outro fator é o grau de mutação. Por isso precisamos refinar o tratamento.”

Aval recente

Outro caminho para aumentar a eficácia é a combinação com a quimioterapia. Um avanço foi a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na segunda-feira, do uso combinado de imunoterapia e quimioterapia para tratamento de câncer de pulmão avançado. Em estudos clínicos, o uso combinado de inibidores de checkpoint e imunoterapia reduziu em 51% os risco de de pacientes e diminuiu em 48% a chance de progressão da doença.

De acordo com Roger Miyake, diretor médico da empresa farmacêutica Bristol-Myers Squibb (BMS), a combinação de tratamentos é uma tendência cada vez mais importante. “As drogas imunoterápicas que temos disponíveis podem ser combinadas com a quimioterapia, com a radioterapia e com a cirurgia, criando uma nova gama de abordagens.”

O oncologista Felipe Ades, do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que, além dos cinco medicamentos imunoterápicos já aprovados no Brasil, outros estão em vias de aprovação. “Há várias outras drogas a caminho, além de novos alvos moleculares para os medicamentos que já existem, o que aumentará sua abrangência.” Com informações do Estadão Conteúdo.

ANOTE AÍ

Fonte: Notícias ao Minuto

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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