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Tupinambá e o grito ancestral pela defesa da Amazônia

Tupinambá e o grito ancestral pela defesa da

Retomada do território e de sua ancestral! Esse é o desejo dos aguerridos tupinambá do Baixo Tapajós, na Reserva Tapajós-Arapiuns, oeste do Pará. Nada mais digno e necessário, em um país perversamente em estado de colonização, de destruição dos direitos dos povos originários. Em 2021, no quarto Encontro Ancestral, mais do que nunca, os Tupinambá da Amazônia deixaram claro que estão dispostos às últimas consequências por sua , por sua sobrevivência, por seu território, pela

Por Leonardo Milano/ via Jornalistas Livres

 

Os tupinambá da região estão distribuídos por 21 aldeias na margem esquerda do Rio Tapajós, no município de Santarém. Anualmente os realizam o Grito Ancestral, que tem a finalidade de valorizar a cultura tupinambá, além de definir estratégias de gestão do território. Convidados pelos tupinambá, outros povos também participam do encontro, como os Borari, os Kumaruara, e outros.

Durante o encontro, também é realizado uma ação chamada de “Pau da Letra”, que consiste na abordagem de balsas que trafegam pelo Rio Tapajós, transportando soja, madeira, minérios, areia e outros produtos. Os indígenas sobem nas balsas, e estendem faixas com mensagens ambientalistas e de defesa dos povos originários. A ação é pacífica.

Raquel Tupinambá, a mais jovem cacica da região, diz que os tupinambá estão vivendo um forte processo de reorganização e retomada de sua cultura e de seu território. Pautas como escolar e são temas prioritários, além da ocupação de espaços de poder. A jovem cacica explica que o Pau da Letra é uma ponta de praia estratégica, onde os antepassados abordavam embarcações dos invasores colonizadores, durante a , uma revolta popular ocorrida entre os anos de 1835 e 1840. Os cabanos eram compostos por indígenas e ribeirinhos que, cansados das injustiças a que eram submetidos, se rebelaram contra o governo regencial.

Veja a cobertura do Grito Ancestral de 2020

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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