Marielle: Homenagens e luta por justiça

Um ano sem Marielle: Homenagens e luta por justiça no Brasil e no mundo

Atos e eventos clamando pela vida, pela democracia, pela esperança e pela utopia de um mundo sem se alastraram por incontáveis cidades do país, Europa e Estados Unidos
 
Por: Redação RBA – redebrasilatual
 
São Paulo – Em manifestação na região da Avenida Paulista, em São Paulo, nesta quinta-feira (14), data do primeiro aniversário da morte da vereadora carioca do Psol Marielle Franco, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, destacou que “a morte de Marielle foi por um crime político”. “Ela foi morta pelo que representava, pelo que representa. Uma  negra que veio da favela, que ousou ocupar os espaços do poder, ocupar a política. Enfrentou os grandes interesses e pagou com a vida por isso.”
O ex-candidato à presidência da República pelo Psol lembrou que o assassinato da ativista e vereadora completou um ano sem que se soubesse quem foram os mandantes do crime. “Se descobriu há poucos dias os suspeitos do assassinato. Esperamos ter a confirmação disso, mas não basta saber quem apertou o gatilho. É preciso saber quem mandou matar Marielle”, disse. “É isso que este ato aqui em São Paulo e manifestações em todo o Brasil estão querendo saber.”
Boulos lembrou que o ato de São Paulo “foi liderado por ”. “Marielle, presente. Anderson, presente. Esse é o recado desse dia 14 de março”, completou.
O padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, saudou a “coragem dos que enfrentam os poderosos e nunca ficam do lado dos que pisam nos pobres”. “Se o Deus em que acreditamos é o Deus da Bíblia, que se identifica com os oprimidos, a imagem de Deus é uma mulher negra”, disse.
O religioso clamou para que a população defenda os oprimidos, como fazia a vereadora. “Defendam aqueles que são exterminados pelo preconceito e pela violência. Marielle está viva, Anderson (o motorista da vereadora, também morto em 14 de março de 2018) está vivo, junto com todos os que lutam.”
Atos e eventos clamando pela vida, pela democracia e pela justiça, pela esperança e pela utopia de um mundo sem violência se alastraram por incontáveis cidades do Brasil e do mundo. Os eventos acontecem não apenas na data do crime, mas se estendem até a semana que vem, em várias cidades do .
Confira agenda de atos por Marielle no Brasil e no mundo
Nesta quarta, Rio de Janeiro, , Campo Grande, João Pessoa, Natal, São Bernardo, Aracaju, Fortaleza, Belo Horizonte, São Paulo, Bauru, Porto Alegre, Pelotas (RS), e outras cidades brasileiras sediaram eventos nos quais milhares de pessoas exigiam saber quem mandou matar a ativista e parlamentar, proclamaram que “Marielle Vive”, propuseram “amanhecer com Marielle”, pediram justiça, paz e .
No mundo, cidades como Buenos Aires, Berlim, Amsterdã, Genebra, Bolonha, Madri, Melbourne, Londres, Nova York, Boston, Los Angeles, Montreal, Ottawa e Montevidéu realizaram manifestações.
A viúva de Marielle, Mônica Benício, é protagonista de um seminário na Universidade de Princeton, em New Jersey, nos Estados Unidos, ao lado da já lendária ativista negra norte-americana Angela Davis. O evento, “Feministas negras ao redor das Américas: um tributo à ativista política Marielle Franco”, é realizado entre esta quinta e sexta-feira (15).
“Hoje estou nos Estados Unidos para uma agenda com a Angela Davis. Uma inspiração minha e da Marielle. Será muito difícil estar no Rio amanhã (hoje). Na verdade é uma tentativa de ser menos doloroso (se é que é possível…)”, escreveu Mônica no Facebook. “As notícias de ontem, sobre as prisões dos executores, um ano após o crime, nos traz a certeza de que estamos no caminho na luta por justiça. Mas não basta a prisão dos mercenários. O verdadeiro assassino é aquele que mandou matar minha companheira.”
O deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), padrinho político da vereadora, afirmou no Facebook: “Marielle nunca andou só, por isso ela é e sempre será essa potência. Ela sempre será gigante. É isso que os escravocratas nostálgicos com suas chibatas imaginárias não aceitam”.
Nas , diversas lideranças políticas se manifestaram. O ex-deputado federal Jean Wyllys, que se elegeu pelo Psol do Rio de Janeiro e abdicou do mandato devido às ameaças de morte, contou pelo Facebook que recebeu a notícia da execução da Marielle por telefone, que lhe foi anunciada por seu assessor, Bruno Bimbi: “‘Jean, mataram Marielle’. Seguiu-se um silêncio entre nós dois que pareceu tão grande quanto a distância que nos separava: ele estava no Rio e eu em Brasília. Perguntei incrédulo e meio tonto: ‘Como assim mataram Marielle, Bruno? Que loucura é essa?’”.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) repetiu o coro que tomou conta das manifestações pelo Brasil e pelo mundo: “O Brasil precisa saber. Nós queremos saber. Quem mandou matar Marielle Franco?”.

Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2019/03/o-brasil-e-o-mundo-homenageiam-marielle-e-pedem-justica

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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