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UM SALVE PARA O CURUPIRA, O GUARDIÃO DA FLORESTA

UM SALVE PARA O CURUPIRA, O GUARDIÃO DA FLORESTA

Um salve para o , o guardião da floresta 

Curupira (do curu, curumin – menino, e pira – corpo), ou Currupira, ou Caboclinho, ou Caipora (do até o Espírito Santo), é um ente fantástico que habita o imaginário das matas brasileiras como o grande guardião de uma  floresta, onde quer que ela exista. 

Por

De corpo peludo, coberto por cabelos ruivos, na verdade bem vermelhos, com os calcanhares virados pra frente e os pés virados pra trás, diz-se que o Curupira  é muito respeitado entre comunidades , seringueiras e ribeirinhas, sobretudo por estar sempre  protegendo a floresta e os seres que nela vivem. 

UM SALVE PARA O CURUPIRA, O GUARDIÃO DA FLORESTA
Imagem: Mundo

O Curupira, dizem,  é  um ser do bem, mas muito ardiloso. Segundo contam, ele vive inventando ruídos e cantando ininteligíveis cantigas que mudam de tom segundo quem se aproxima.

Para seus amigos, os povos da floresta, ele só quer mesmo é pedir para que deixem um cigarro de palha e uma boa cachacinha no caminho por onde passa. 

Contam que,  como o Curupira é muito curioso, quando ele está bem agitado ou arranjando confusão, um bom jeito escapar de suas artimanhas é fazer um novelo com cipó e esconder bem a ponta.

Assim, contam, enquanto ele fica por horas entretido entretido com o novelo, a pessoa consegue ir embora, sem sobressaltos. 

Já para quem destrói a floresta,  são reservados os ruídos mais terríveis, os cantos mais ensurdecedores  e a as pegadas em sentido contrário, para que se desorientem  e se percam na mata.  Mas, segundo o povo que “convive” com ele na floresta, é raro o Curupira atacar alguém.

Entretanto, quando isso acontece, pode ter certeza, o ataque foi muito bem merecido. É o que dizem. 

Nota: Em algumas descrições o caipora é o mesmo curupira, só que com os pés habituais. Na maioria dos relatos, entretanto, caipora e curupira se equivalem, com os mesmos pés invertidos, para confundir quem entra na floresta para destruí-la.  

Zezé Weiss – Jornalista. Com base em estórias ouvidas na , nos escritos de Câmara Cascudo, em versões da disponíveis na Internet, e em sua própria imaginação sobre este ser apaixonante do brasileiro. 

UM SALVE PARA O CURUPIRA, O GUARDIÃO DA FLORESTA
Foto Ilustrativa. Andará, por aqui, o Curupira?

 

Respostas de 4

  1. Parabenizo, a nossa Xapuri, por nos deliciar com as lendas da floresta! Ao mesmo tempo, adoraria que, a lenda se tornasse real, e vários curupiras lutassem pela proteção do nosso maior tesouro. Se eles não existem, vamos nós Xapuri!!!

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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