UNE lança campanha “Eu defendo a educação”
Na contramão dos ataques do governo Bolsonaro, UNE lança campanha “Eu defendo a educação”
Agenda de manifestações será aberta em março e pede a exoneração de Abraham Weintraub
A campanha será aberta com uma manifestação no dia 18 de março, data que marca o início da Jornada de Lutas da Juventude, a agenda do movimento estudantil que organiza protestos pela educação em todos país.
Em nota, o presidente da UNE, Iago Montalvão, comentou sobre a necessidade de uma agenda para reivindicar a atual gestão do MEC. “Serão atividades em universidades públicas e privadas em diversas frentes para mostrar para o MEC o todo o governo que não vamos recuar sobre seus constantes ataques, que não aceitaremos mais retrocessos nem incompetência no setor e exigimos prioridade para o financiamento de uma educação de qualidade como nos é direito”, disse.
Na última terça-feira, 11 de fevereiro, Abraham Weintraub foi ao Senado Federal prestar esclarecimentos sobre os erros no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que atingiu cerca de seis mil estudantes. Na ocasião, o ministro colocou a culpa em “militantes”, alunos que “não estavam entendendo o processo”.
Com a campanha “Eu defendo a educação”, serão organizadas aulas públicas, ciclo de debates nas instituições de ensino, a criação de festivais contra censura, ações culturais dentro das universidades com formações, mostras e vivências com artistas universitários.
Confira o calendário de mobilização:
1 a 18 de março– Realização de plenárias e assembleias em todo o Brasil.
8 de março– Dia Internacional da Mulher
14 de março– 02 anos da morte de Marielle
18 de março- Jornada de Lutas
28 de março- Edson Luís
01 de abril- Dia da Anistia (descomemoração do golpe militar)
10 a 12 de abril- Encontro das Mulheres Estudantes da UNE
25 de maio a 01 de junho – Campanha anti-imperialista.
Fonte: GGN
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.
Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.
Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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