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7 coisas que você precisa saber antes de ler uma pesquisa eleitoral

7 coisas que você precisa saber antes de ler uma pesquisa eleitoral de 2022

Por Paulo Motoryn/Brasil de Fato

Como a proximidade do ano eleitoral de 2022, há uma profusão cada vez maior de institutos e empresas de pesquisa divulgando estudos sobre a disputa presidencial. Para facilitar a leitura dos levantamentos, o de Fato listou 7 coisas que você precisa saber antes de comemorar ou lamentar os resultados.
A reportagem se inspirou em um artigo publicado pelo site FiveThirtyEight, dos , especializado em dados e pesquisas de opinião. O texto, no entanto, foi substancialmente modificado para a realidade brasileira. A proposta é servir como um guia para evitar erros comuns na leitura de levantamentos eleitorais.
1) Tendências são mais importantes do que os próprios resultados
A primeira coisa que você deve fazer ao ler uma pesquisa eleitoral é verificar qual foi a data anterior que o mesmo instituto publicou um estudo sobre o tema. A informação mais precisa que você pode extrair de um levantamento é a tendência da pontuação de cada candidato (crescimento, queda ou estabilidade). Isso ocorre porque os estudos se tornam mais confiáveis quando se repetem periodicamente, o que minimiza as possibilidades de erro.
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2) Pesquisas são fotografias do momento, não uma previsão de vencedor
O cenário político-eleitoral sempre pode mudar muito entre a aplicação de uma pesquisa e o dia da votação. Os estudos tornam-se gradualmente mais precisos quanto mais você se aproxima da eleição. Por isso, é preciso levar em conta que as pesquisas são “fotografias” do momento, e não uma tentativa de “acertar” o vencedor do pleito. Vários artigos acadêmicos apontam que muitas pessoas se decidem apenas na hora da votação, o que as pesquisas não são capazes de captar. Em 2018, o DataFolha mostrou que 12% dos eleitores decidiram o voto para presidente no dia da eleição.
3) Pesquisa sem registro no TSE em ano eleitoral é crime e deve ser denunciada
O registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é obrigatório em ano eleitoral. Nos anos ímpares, quando não há eleições, o credenciamento dos levantamentos junto ao Tribunal não é necessário. No entanto, essas pesquisas só podem ser divulgadas até dezembro do ano anterior às eleições. É possível acompanhar online as inscrições, detalhes metodológicos, pesquisador responsável e data de aplicação das pesquisas eleitorais feitas no próprio ano de realização dos pleitos na Consulta de Pesquisas Eleitorais do TSE.
4) Comparar resultados de pesquisas eleitorais de institutos diferentes é um erro
Cada instituto ou empresa de pesquisa adota uma metodologia própria, o que leva a variações nos resultados. Só é possível falar que um candidato “cresceu” ou “caiu” se a referência for uma pesquisa do mesmo instituto. Por exemplo: se Bolsonaro marca 34% das intenções de voto em pesquisa do DataFolha em uma segunda-feira e, na sexta-feira, o PoderData aponta 54% das intenções de voto, está errado dizer que o presidente cresceu 20 pontos percentuais. O crescimento ou a queda só podem ser aferidas a partir do levantamento imediatamente anterior do mesmo instituto ou empresa.
5) Preste atenção aos resultados que coincidem, não aos números “fora da curva”
Caso o resultado de uma pesquisa seja diferente do que a maior parte das outras vêm mostrando, é preciso tratar com cuidado. Embora uma pesquisa atípica possa representar o início de uma nova tendência (especialmente após um grande fato político), elas podem representar erros metodológicos. Nesses casos, é mais adequado se ater à média das diferentes pesquisas, o que reflete com mais precisão os resultados.
6) Distância entre dois candidatos considera a margem de erro para os dois 
Na prática, isso significa que se algum candidato aparecer com 42% dos votos, e a margem de erro for de 3 pontos percentuais, ele pode ter de 39% a 45% das intenções de voto. Se o segundo colocado aparecer com 36% das intenções de voto, apesar de numericamente distantes, eles estão tecnicamente empatados, pois deve ser considerada a margem (33% a 39%). Como os dois candidatos podem estar no limite da faixa de erro, não é possível dizer que um “está à frente”, “lidera” ou “ultrapassa” o adversário.
7) Margem de erro é sempre em pontos percentuais, não em porcentagem
As pesquisas respeitáveis ​​sempre terão uma margem de erro. O número deve ser apontado em pontos percentuais, nunca em porcentagem. Isso quer dizer que se um candidato tiver 50% das intenções de voto, é preciso somar 3 pontos ao valor numérico (53%) ou subtrair 3 pontos ao mesmo valor (47%), pois a porcentagem se baseia no total do eleitorado (100%), e não na pontuação do candidato (50). O erro é comum e causa leves distorções, caso seja cometido.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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