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Ampliar nosso olhar para todos os lados

Precisamos ampliar a nossa visão para todos os lados, para cima, para baixo, para o centro, para lado direito, para o lado esquerdo, em todos os sentidos: norte, sul, leste, oeste e centro-oeste.  E em cada sentido reafirmar e resguardar os direitos que conquistamos ao longo desses últimos 50 anos.

Anos de muitas conquistas e de nascimento de grandes frentes em defesa da vida e da aprovação da Cidadã, dos direitos às cotas, da aprovação da lei da Penha, dos Estatuto da Igualdade Racial, de várias iniciativas para garantir nossa diversidade como Brasileiro.

Precisamos ampliar nossa visão e, ao mesmo tempo, enxergar os (as) inimigos (as). Para que possamos reagir com a certeza de que o trabalho deve ser para eliminá-los (as) da gestão pública e revelar para o que continuamos reverenciando nossos ancestrais, na luta pela nossa pátria.

Temos um governo federal golpista que se espalha pelo país, que replica o racismo, machismo, a LGBTfobia e todas as outras formas de discriminação contra nossa população. É uma ação Genocida. Nós sabemos disso e estamos denunciando a todo instante e só pararemos com o fim desse governo.

Um governo que retira os direitos dos (as) trabalhadores (as), das mulheres, dos (as) negros (as), dos gays, das lésbicas, dos indígenas, dos . Não é um governo sério. O país está, hoje, nas mãos de pessoas que estão preparadas para destruir os seres humanos. NÃO PODEMOS CONFIAR!

Nós temos que, além de ampliar o nosso olhar, nos organizarmos coletivamente para a luta diária do fortalecimento daquilo que nós aprendemos com os nossos mais velhos(as): defender os ideais de liberdade e de .

O afeto é importante e fundamental como já nos disse bell hooks, mas as consciências políticas das nossas ações no dia a dia darão a justeza da participação na luta.

Viver e Lutar contra essa negacionista de morte do governo Bolsonaro deve ser o nosso maior pacto. Anunciar, diariamente, para o mundo que este é o pior governo que o Brasil já teve, uma vergonha, vergonha internacional. Mas nós vamos, juntas, juntos, juntes, fazer a diferença, porque nós queremos o nosso país de volta.

Que tenhamos resistência e a consciência de onde nós estamos e por que nós continuamos lutando. Somos a favor da vida de todes. Não é só pelo amor, mas pela consciência política da nossa resistência secular e pela cidadania.

Continuaremos respeitando o de Luiza Bairros, Lélia Gonzalez, Tereza de Benguela; Mariele Franco, Dandara, Maria Firmina dos Reis, Antonieta de Barros, Laudelina de Campos de Melo e Carolina de Jesus.  Nesse sentido, junto com todas as mulheres do país e todas as pessoas que querem o Brasil melhor, nós faremos Palmares de novo. 2022 é o ano da grande feminina negra neste país.

Resistir, lutar e não abrir mão dos nossos direitos. Janeiro é o mês de reafirmar nosso compromisso de luta em todos os cantos de Goiânia, de , do Brasil e do mundo.

Iêda Leal – Tesoureira do SINTEGO. Secretária de Combate ao Racismo da CNTE.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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