Flávio Dino negocia R$ 2 bilhões para combate ao crime na Amazônia

Flávio Dino negocia R$ 2 bilhões para combate ao crime na

Ministro da anunciou ação conjunta com Ministério da Defesa, Polícia Federal e governos dos estados amazônicos para aumentar presença do no bioma.

Por Cristiane Prizibisck/O Eco

O ministro da Justiça e Pública, Flávio Dino, anunciou na tarde desta quinta-feira (18) que negocia junto ao BNDES e ao Ministério da Defesa o aporte de R$ 2 bilhões para ações de combate ao crime na Amazônia Legal.

O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa para apresentar alguns resultados da pasta, entre eles a desarticulação de mineradores em terra no bioma, por decisão do Supremo Tribunal Federal, no âmbito da ADPF 709.

No evento, Dino disse que a pasta articula uma ação conjunta com o Ministério da Defesa, Polícia Federal e os governos dos nove estados da Amazônia Legal para o fortalecimento de ações de comando e controle no bioma, para a qual os recursos seriam utilizados.

“Acabei de chegar do Rio de Janeiro, onde fiz uma reunião com o presidente Aloísio Mercadante e toda equipe do BNDES. Apresentamos um plano comum do Ministério da Justiça com o Ministério da Defesa, visando sobretudo ampliar a presença no território. […] O presidente Mercadante foi muito receptivo a essa tese”, disse Flávio Dino.

Segundo ele, pouco mais de R$ 1 bilhão viria do BNDES, por meio do Fundo Amazônia, e outros cerca de R$ 700 milhões do Ministério da Defesa. “Nós estamos pretendendo o aporte de cerca de R$ 2 bilhões para ampliação dessa presença na Amazônia”, anunciou.

Segundo Flávio Dino, os recursos seriam utilizados para multiplicar bases fluviais e terrestres, comprar armamentos e ampliar ações de fiscalização com uso de helicópteros, drones e aeronaves. “Com isso nós conseguimos enfrentar esse novo patamar do crime na Amazônia, que não é o crime individual, é a criminalidade articulada com quadrilhas”.

O mandatário da pasta da Justiça disse ainda que a retirada do no Território só não foi totalmente efetiva ainda devido à presença desta articulação de facções criminosas na região. Mas que a pasta pretende replicar iniciativas consideradas “virtuosas”, como a instalação de uma base fluvial da Polícia Federal no Vale do Javari (AM), em março passado, quando três balsas usadas no garimpo ilegal de ouro foram destruídas na região em operação policial.

A ação inaugurou o que o governo federal chama de “retomada” da região, após anos de abandono que resultaram nos assassinatos do Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no ano passado.

“Monitoramento satelital é importante? É! Inteligência [é importante]? Vital! Mas é preciso presença física e é isso que estamos buscando no momento”, concluiu Dino.

Na mesma coletiva, o diretor de Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, Humberto Freire, disse que as ações de combate ao garimpo, extração ilegal de madeira e outros crimes no bioma não ficarão restritos aos sete territórios indígenas alvos da ADPF 709.

“Estamos implementando ações em toda a Amazônia Legal. Há ainda outras 5 áreas que estão no cronograma no decorrer de 2023. E não só vinculadas a essa ADPF, mas em toda Amazônia Legal. […] A gente sabe que não chegamos aonde queremos chegar, estamos longe disso, mas há um avanço importante em tão poucos meses, que a gente vai intensificar ainda em 2023 para já atingir um nível de redução [dos crimes] muito importante em 2023 e dar continuidade nos próximos anos”, disse.

A Arguição de Descrumprimento Fundamental (DPF) 709 foi uma ação julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020 que determinava providências em favor dos indígenas do país, com a expulsão de não indígenas em sete Territórios na Amazônia: Karipuna, , Kayapó, Araribóia, Munduruku e Trincheira Bacajá, além da Yanomami.

A determinação do STF só começou a ser cumprida com a chegada de Lula à Presidência.

Cristiane Prizibisck – Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Michael Dantas/AFP. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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