Bolsonaro, Michelle, Frederick Wassef e Mauro Cid prestam depoimento sobre joias e fake news

Bolsonaro, Michelle, Frederick Wassef e Mauro Cid prestam depoimento sobre joias e

Bolsonaro é mencionado como parte de uma suposta organização criminosa para desvio de joias do brasileiro.

Por Mídia Ninja/Redação

Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, Mauro Cid, Frederick Wassef e outros investigados no caso das joias prestam depoimento simultâneo nesta quinta-feira (31) à Polícia Federal (PF).

Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados na investigação. A PF quer saber se há transações suspeitas que liguem o casal à venda ilegal de presentes diplomáticos.

Os depoimentos estão previstos no mesmo dia em que o ex-presidente já é esperado na PF para dar explicações sobre conversas golpistas de empresários bolsonaristas.

Também prestarão depoimento:

  • Fabio Wajngarten, ex-secretário de da Presidência da República e advogado de Jair Bolsonaro;
  • Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
  • General Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid;
  • Frederick Wassef, advogado de Jair Bolsonaro;
  • Tenente Osmar Crivelatti, ex-assessor da Presidência da República;
  • Coronel Marcelo Câmara, ex-assessor da Presidência da República.

Em março, denúncias veiculadas pelo jornal O de S. Paulo trouxeram à luz um conjunto de joias Chopard enviado pelo governo saudita à primeira-dama Michelle Bolsonaro, retido pela Federal em 2021.

O episódio desencadeou uma investigação da Polícia Federal sobre a movimentação das joias, que posteriormente se expandiu para incluir outros itens de luxo e resultou em implicações de indivíduos próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em agosto, a PF conduziu a Operação Lucas 12:2, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.  Bolsonaro é mencionado como parte de uma suposta “organização criminosa”.

A investigação, impulsionada por conversas no WhatsApp encontradas no de um dos envolvidos, revelou tentativas de comercializar os itens nos . O enfoque central era um conjunto Chopard, que deixou o junto com Bolsonaro e sua delegação em 2022 e foi posteriormente leiloado, culminando em uma disputa legal.

Fonte: Mídia Ninja. Foto: Reprodução/Agência Brasil-PR.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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