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Hilton e Salabert reagem a discurso transfóbico

Hilton e Salabert reagem a discurso transfóbico de deputada bolsonarista

Ato discriminatório foi cometido pela deputada do PL durante audiência na Comissão da Mulher

Por Isabella Rodrigues/Mídia Ninja 

Nesta quarta (30) a deputada bolsonarista Coronel Fernanda(PL-MT) alegou que mulheres trans estão roubando o “lugar” da “mulher de verdade. A declaração transfóbica foi deita durante uma sessão na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados. A parlamentar declarou que mulheres cisgênero não deveriam dividir espaço com mulheres transgênero.

Erika Hilton, que junto com Duda Salabert compõe a primeira bancada trans no Congresso, não hesitou em responder ao discurso transfóbico. Erika apontou que falas como essa são uma das razões pelas quais mulheres trans historicamente não tiveram representação no Congresso Nacional.

“Nós queremos espaços dignos na sociedade. Nós queremos nosso direito à cidadania. Nós queremos o nosso direito à vida. Nós queremos andar nas ruas com as nossas cabeças erguidas sem medo de sermos mortas, violentadas, ridicularizadas, estupradas, pelo simples fato de sermos quem somos”, afirmou Erika.

Hilton destacou que discursos violentos e discriminatórios não serão tolerados na Câmara dos Deputados. Duda Salabert também se posicionou durante o debate, apontando para a realidade do Brasil, país que mais mata travestis e transexuais no mundo.

Duda enfatizou que a humanidade da população trans continua sendo negligenciada pela sociedade, contrapondo a noção de competição insinuada pela deputada Fernanda. Esclareceu ainda que a luta das mulheres trans é, antes de tudo, pela dignidade.

Fernanda Melchionna, do PSOL, afirmou que “a Comissão da Mulher não pode aceitar calada uma violência transfóbica”, chamando a atenção da presidente da Câmara para não aceitar a naturalização da transfobia e cobrando atitudes da casa.

Fonte: Mídia Ninja Capa: Bruno Spada e Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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