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Herbicida

Herbicida mais vendido no Brasil envenena água potável, envenena população

O herbicida mais vendido no é o glifosato. A presença desse veneno, que pode causar câncer, é 5 mil vezes maior na água potável brasileira do que nas águas de toda a União Europeia. Ou seja, é grande a chance de que cada copo de água que bebemos venha com uma boa quantidade de partículas de glicosato.

O glifosato é um dos herbicidas que mais danos causam ao e ao ser humano, mas na tabela de riscos da ANVISA, aparece com código verde. Ele é uma molécula química sintetizada, desenvolvido para matar qualquer planta, especialmente as perenes, mas que acabam matando também os seres vivos. Estudos já associaram o herbicida com o da doença de Alzheimer, Autismo e Diabetes.

Glifosato é o ingrediente principal do Roundup, herbicida fabricado pela Monsanto. Assim, muitas plantas geneticamente modificadas são simplesmente alterações genéticas para resistir ao glifosato.

No Brasil, o glifosato é usado em várias praças e parques públicos, para matar as plantas indesejadas, em vez de campinar. Em muitos municípios, as administrações municipais usam o glifosato para matar a vegetação das áreas de beira de estrada. Sem saber do perigo, muita gente na agricultura familiar também usa o glifosato para limpar seus quintais.

Na verdade, nós sabemos que o glifosato nos cerca por todos os lados. Ele é usado nas grandes explorações agrícolas, nas pequenas, pelos agricultores de fim-de-semana, pelas autarquias para controlo das ervas daninhas… Consequentemente, tem glifosato em praticamente tudo o que comemos, no Brasil e no .

Análises feitas em Portugal com 26 voluntários (Glifosato: o herbicida que contamina Portugal ), publicado no site  Sustentabilidade é ação, mostram que  todos os voluntários foram detectados níveis elevados de glisofato na urina. Veja o gráfico abaixo:

GLIFOSATOgrafico2016
Imagem retirada de http://sustentabilidadenaoepalavraeaccao.blogspot.pt/2016/04/glifosato-o-herbicida-que-contamina.html

Infelizmente o glifosato não é o único herbicida que causa danos ao meio ambiente e à vida do povo brasileiro.  Estudos recentes indicam que cerca de 30% dos herbicidas usados no Brasil são proibidos na Europa.

Em entrevista concedida à IHU On-Line, publicada no site  http://www.nossofuturoroubado.com.br/, o agrônomo Rubens Onofre Nodari, graduado em agronomia pela Universidade de Passo Fundo, mestre em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com doutorado pela University of California at Davis, e professor na Universidade Federal de Santa Catarina, falou longamente sobre o que é o glifosato e sobre seus efeitos maléficos para  o meio ambiente e para a vida humana. Vale a pena conferir. E,infelizmente, os danos causados pelo herbicida glifosato não são os únicos sofridos pelo meio ambiente, pela e pelo povo brasileiro.  Cerca de  30% dos agrotóxicos que são usados no Brasil são proibidos na União Europeia, alertam os sobre o uso de venenos principalmente e em grande escala pelo agrotóxico no Brasil.

IHU On-Line – O que é o glifosato?

Rubens Nodari – O glifosato é uma molécula química que foi sintetizada e que tem a capacidade de produzir um caminho alternativo para as plantas que recebem esse produto. E esse caminho alternativo acaba sufocando a planta quando ocorre, portanto, a interrupção da produção de três aminoácidos. Com isso, as proteínas que são formadas são defeituosas, e as plantas acabam morrendo porque não conseguem sintetizar as proteínas adequadas.

IHU On-Line – Qual o uso que é dado a este químico?

Rubens Nodari – O destino do glifosato é para matar plantas que não são desejáveis num certo espaço.

IHU On-Line – Qual é a composição do Roundup e por que ele é considerado um dos agrotóxicos mais prejudiciais?

Rubens Nodari – O glifosato é uma molécula que causa diferentes tipos de problemas para a humana e também para o meio ambiente. Em relação à saúde humana, ele mimetiza certos hormônios. Por exemplo, ele pode entrar no cordão umbilical durante a gestação e afetar o desenvolvimento do bebê. Além disso, ele é considerado um desruptor endócrino, ou seja, ele vai acionar genes errados, no momento errado, no órgão errado. Então, ele altera a situação de controle dos genes. O glifosato também causa, por exemplo, diminuição da produção de espermas, conforme vimos em experimentos feitos em ratos, ou produz espermas anormais. No caso do sistema endócrino, ele pode, por exemplo, inibir algumas enzimas. Ele vai alterar os hormônios que entram na regulação da expressão gênica.

Geralmente, ele atua na regulação de genes e na expressão de certas substâncias. Existem relatos bastante significativos de ocorrências que associam o câncer a pessoas que aplicam o glifosato. Um agricultor, por exemplo, não aparenta de imediato que vai adoecer, ter um câncer, pois o glifosato age dessa forma com exposições repetidas.

A maioria dos agrotóxicos vai envenenando aos poucos as pessoas e o meio ambiente. Às vezes, não são coisas perceptíveis. Obviamente, quando alguém é submetido a uma grande exposição ao glifosato, sente em seguida irritação nos olhos, na pele, algum sintoma no estômago. Quando as doses são pequenas, é impossível perceber que se está sendo intoxicado aos poucos.

No meio ambiente, ele é considerado mortal a alguns anfíbios e répteis. Ele também favorece algumas bactérias de solo e prejudica a outras. Ele altera a dinâmica da vida, da biota do solo.

IHU On-Line – É bastante difundido, especialmente pela indústria, que o glifosato é menos prejudicial que outros herbicidas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o classifica como Classe IV (faixa verde). Como o senhor vê essa questão?

Rubens Nodari – Na verdade, a classificação da Anvisa é muito antiga, e, à luz dos novos resultados, o entendimento que existe é diferente. Hoje, se fosse feita a reavaliação dos resultados do glifosato com os dados que foram obtidos a partir de 2005, talvez a Anvisa mudasse de classificação toxicológica.

IHU On-Line – Como o senhor analisa a pesquisa feita na Argentina que envolve o glifosato?

Rubens Nodari – A Argentina tem feito alguns estudos, inclusive associando o glifosato a consequências nos anfíbios, sobre o uso desse agrotóxico. Há um no qual se percebeu que o glifosato inibe o desenvolvimento de embriões. O glifosato e outros produtos acabam afetando alguns sistemas do humano, principalmente o cérebro, que deixam as pessoas com maior ansiedade. E é isso que faz com que as pessoas tomem decisões consideradas insensatas. Assim, o que se especula, por enquanto, é que as pessoas têm sua capacidade física limitada.

IHU On-Line – Quando o glifosato contamina o solo ou um rio, o que acontece?

Rubens Nodari – Alguns organismos não são afetados pelo glifosato. Se se aplica muito glifosato, por exemplo, na água, alguns organismos vão ser beneficiados, e outros não, pois ele não se degrada tão rapidamente. Assim, se altera por completo a diversidade biológica que existe nesse ambiente. Em relação à água, há menos estudos, mas, de qualquer maneira, já existem relatos de mortalidade de certos organismos que ali vivem. Quando a fonte de glifosato é aplicada repetidamente, o impacto é muito maior nessas comunidades aquáticas. Já existem muitos dados de mortalidade de certas espécies de anfíbios e répteis em função da aplicação do glifosato.

IHU On-Line – Acredita que deve se proibir o glifosato?

Rubens Nodari – Na verdade, todo veneno deveria ser proibido. Compostos que são desenvolvidos para matar não fazem parte da ética da vida. Quem defende a vida não pode ser favorável ao uso de sustâncias que a comprometem. Então, a só deveria usar em casos extremos esse tipo de produto, e não de forma corriqueira como hoje é usado. Existem outras formas de fazer agricultura em que não precisamos usar venenos. Temos sistemas agroecológicos que são perfeitamente passíveis de serem utilizados para produzir alimentos, fibras, óleos etc., sem necessidade de usar agrotóxico. Então, um produto como esse deveria ser, naturalmente, proibido em função dos danos e dos impactos que ele causa tanto na saúde humana quanto ao meio ambiente.

A impressão que tenho é que nós deveríamos recomendar aos agrônomos que evitem fazer o receituário desses produtos. E aos agricultores que tomem cuidado e não usem produtos como esse em larga escala porque os primeiros prejudicados serão os próprios agricultores.
(Envolverde/IHU-OnLine)

glifosato www.communianet.org

Foto de herbicia Glifosato : www.communianet.org

ANOTE AÍ:
fontes desta matéria:

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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