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A LENDA DO LAGO PARANOÁ

A LENDA DO LAGO PARANOÁ

A Lenda do Lago Paranoá

Reza a lenda que há muito, muito tempo, antes da chegada dos primeiros bandeirantes ao , ali já existia um : os Goiases ou Goyá.  E, dentre os Goyá,  crescia um belo jovem indígena chamado Paranoá.

A LENDA DO LAGO PARANOÁ
Foto: EBC/Agência Brasil

Infelizmente, um dia, a picada de uma cobra cascavel tirou a vida do  pai de  Paranoá. Depois do luto, sua mãe foi embora para outras terras na companhia de um jovem guerreiro.

Paranoá cresceu, então, sob os cuidados do cacique dos Goiases. Os dois se davam muito bem e, juntos, se preocupavam com o futuro do povo Goyá, que se reduzia cada vez mais.

Certo dia, Tupã apareceu a Paranoá em sonhos. Disse que ele deveria ficar vivendo no Cerrado, mesmo quando todo o seu povo tivesse partido.

Disse ainda que mandaria uma linda para fazer-lhe companhia, a quem Paranoá deveria amar. Com ela teria filhos e repovoaria toda aquela terra.

Obediente, Paranoá ficou sozinho aguardando sua prometida. Enquanto esperava, o jovem andava pelas matas e foi durante essas caminhadas solitárias que Jaci, a lua, de tanto admirá-lo, se apaixonou por ele.

A LENDA DO PARANOÁ
Foto: Ana Volpe/Agência Senado

Um dia, Paranoá ouviu sons diferentes na matas do   e foi verificar. Avistou uma linda mulher e perguntou: “É você a minha prometida?”

Estendendo os braços para ele, a mulher afirmou: – Sim, sou Brasília, a sua prometida. Fiel ao seu sonho, Paranoá começou a andar em direção a Brasília. Finalmente não estaria mais sozinho.

De repente, no entanto, percebeu que seu coração já tinha dona: era de Jaci, a lua. O dela tinha sido constante durante todos aqueles anos.

Tupã percebeu o que estava acontecendo e, decepcionado com Paranoá, resolveu transformá-lo em um lago, para que depois deixasse a mulher que escolheu para não deixar que o povo Goyá sumisse do jardim das plantas tortas do Planalto Central

Foi assim que, dia a lenda, surgiu o Lago Paranoá: uma berço d´água que abraça Brasília sem contudo deixar, toda noite, de namorar com Jaci, sua amada e distante lua. 

Dizem os mais antigos que Jaci, a cada noite, tenta seduzir Paranoá. E que se um dia sua atração for tão forte que consiga levar Paranoá para viver com ela no céu, então o lago vai secar e Brasília desaparecerá do quadrilátero de Cruls tão rápido quanto surgiu. 

Só que Brasília, abraçada pelas águas de seu amado, oi ficando cada vez mais bonita, exerce hoje insondáveis encantos  sobre um Paranoá cada vez mais apaixonado por sua deusa terrestre.

Fonte: Imagine um Lugar  com edições de / 

A LENDA DO LAGO PARANOÁ
Imagem: Descobertas Bárbaras
 

HISTÓRIA DO LAGO PARANOÁ 

Descubra a inspiradora história de um dos maiores lagos artificiais do mundo

A LENDA DO PARANOÁ
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Quando observamos Brasília de norte a sul, percebemos que o Lago Paranoá é um local cheio de histórias. Muitos espaços para diversão, meditação, lazer, esportes, náutica e muito mais. É difícil não querer visitar o lago e conhecer suas memórias.

O local oferece tantas possibilidades de diversão, que encantar-se por ele, meditar à sua margem ou apreciar o nascer e pôr do sol se torna, praticamente, inevitável. Muitas pessoas, certamente, pensam que o Lago Paranoá sempre existiu.

A bem da verdade, é bem difícil imaginar Brasília sem ele. Há ainda os que pensam que o lago é mais uma criação do idealizador de Brasília Lucio Costa, ou do arquiteto Oscar Niemayer.

 
A LENDA DO LAGO PARANOÁ
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De fato, o idealizador do Lago Paranoá foi o engenheiro, botânico e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou, membro integrante da 2ª Comissão Cruls ocorrida de 1894 a 1895, a qual determinou como poderia se construir o lago de Brasília.

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Glaziou era um observador atento da natureza, e não apenas percebeu a viabilidade de execução do Lago, mas, também apontou a solução técnica para a constituição do mesmo, a qual foi adotada mais de 60 anos depois, no momento da construção de Brasília.

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Através do trecho da carta de Glaziou podemos fazer referência a criação do lago: […] .Entre dois grandes chapadões na localidade pelos nomes de Gama e Paranoá, existe imensa planície em parte sujeita a ser coberta pelas águas da estação chuvosa”.

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Anos após a Comissão Cruls, os urbanistas Raul Penna Firme, Roberto Lacombe e José de Oliveira Reis elaboram um preliminar para a Nova Capital. Esse estudo privilegiava a construção do Lago, pois assim constava no relatório: “Projetou-se uma barragem a jusante do rio, que se transforma num lago ornamental […]”

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E foi mediante o fechamento da brecha nos paredões das chapadas, com a “obra de arte” hoje conhecida por barragem do Paranoá, que o Lago Paranoá surgiu. Tudo isso para que se cumprisse o Art. 4º do Ato das Disposições Constitucionais Provisórias da Constituição de 1946, que voltava a indicar a previsão de mudança da Capital Federal, deixada de lado pela Constituição de 1937.
 
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Resgatava- se assim, o ideal de uma capital no interior do país, proposto pela primeira Constituição da República Brasileira, de 1891, cujo propósito, entre outros, era permitir uma ocupação mais racional das dimensões continentais do país.

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No entanto, a data real da criação do Lago Paranoá ocorre quando da exigência de um lago, a qual constava no edital do concurso que elegeria o projeto arquitetônico e urbanístico da nova capital do país. Em 30 de setembro de 1956 foi lançado o edital e publicado no Diário Oficial. Foram contabilizadas 63 inscrições, e na data de entrega, apenas 26 projetos são conferidos.

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Lucio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa, mais conhecido como Lucio Costa, cumpre a exigência de um projeto urbanístico no qual demandava a construção de um lago, cujo nível das águas seria a cota de 1000 metros acima do nível do mar.

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No seu plano vencedor, Lucio Costa chama o Lago de lagoa e o descreve no item 20 do Relatório Descritivo do Plano Piloto de Brasília – 1959: “Evitou-se a localização dos bairros residenciais a orla da lagoa, a fim de preservá-la intacta, tratada com bosques e campos de feição naturalista e rústica para os passeios e amenidades bucólicas de toda a população urbana”.

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“[…]O Lago Paranoá foi fundamental desde o início e não foi proposta minha. Quando foi escolhido o local da nova capital já havia a possibilidade de se fechar aquela garganta e criar o lago. De modo que o lago foi uma peça fundamental na proposta da nova capital. Acho, de fato, que se deve tornar o lago mais acessível para a maioria da população”.

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A construção da barragem se inicia em 1957, sob responsabilidade da construtora americana Raymond Concrete Pile of the Americas, mas o constante atraso nas obras impedia a concretização da promessa de campanha, feita em 1955,  pelo Presidente Juscelino Kubitschek, de que a inauguração de Brasília ocorreria em abril de 1960.

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Por isso, Juscelino rescinde o contrato e transfere o comando da construção da barragem para a NOVACAP, que dividiu o com as construtoras Camargo Corrêa, Rabello e Engenharia Civil e Portuária.

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Para o Presidente Juscelino Kubistchek, era inconcebível a inauguração de Brasília sem o lago: “Como inaugurar Brasília sem o lago tão amplamente anunciado e que, além do mais, seria a moldura líquida da cidade?”

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À época, havia quem pensasse que a obra do Lago não se concretizaria. O colunista Gustavo Corção, do jornal O Globo, não acreditava que, por conta do terreno arenoso do planalto central, o lago encheria.

Entretanto, dia 12 de setembro de 1959, no dia do aniversário do Presidente, fez-se a inauguração da barragem. Oito meses depois, assim que o lago atingiu a famosa cota mil, o colunista recebeu uma mensagem via telegrama bem humorada do Presidente Juscelino Kubitschek: “Encheu, viu?”

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Assim, por entre as matas recortadas, um vale de vegetação torta, se torna um imenso canteiro de obras, sendo desbravado por operários vindo de todos os cantos do Brasil fazendo, hoje, do Lago Paranoá um local de diversão, em que a orla oferece uma caminhada, um pedalar contra a brisa suave, o velejar nas calmas águas ou simplesmente meditar e observar o nascer e o pôr do sol.

FONTE: ARQUIVO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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