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Hoje eu quero falar de esperança

Hoje eu quero falar de esperança

Esperança – Iêda Leal, coordenadora nacional do Unificado (MNU) neste texto, ousa falar de esperança e de realizações, principalmente, da vitória de seu povo preto nas eleições de 2020

Por Iêda Leal

Hoje eu quero falar de esperança e de realizações. Quero focar no resultado de um esforço ancestral que foi nada menos que a maior participação de negras e negros na brasileira.

Sei muito bem que apenas 18% da verba do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) – também chamado de Fundo Eleitoral – foram destinados às candidaturas a prefeito(a) e vereadores(as) pretas e pardas, e, portanto, que muitos(as) dos(as) nossos(as) não foram contemplados(as) de forma justa, mas vamos continuar acompanhando.

Queremos aqui enaltecer e comemorar os frutos da nossa resistência e confirmar a importância da nossa decisão de chamar a população negra desse País (somos 56% da população brasileira) para colocarmos nossas caras pretas nas Câmaras Municipais e Prefeituras. E exigimos que seja respeitada a regra que prevê que os partidos têm de adotar a proporcionalidade dos recursos do Fundo Eleitoral, primeiro pensando o gênero dos candidatos e depois o critério racial. Trocando em miúdos, o dinheiro deve ser distribuído proporcionalmente entre e brancas e entre os homens negros e brancos.

Mas apesar de todas essas armadilhas, mesmo assim, elegemos representantes para muitas cidades com um perfil de militância em defesa da vida e contra o . Isso confirma que estamos no caminho certo: investir em quem sabe dialogar com a nossa população e que são pessoas muito próximas das nossas lutas e reivindicações ancestrais. As(os) eleitas(os) são representantes dos nossos anseios por justiça para o povo negro.

Nem por um momento perco de vista que negros(as) são apenas 6% dos(as) vereadores(as) do total de eleitos, enquanto brancos(as) foram 53%. Mas eu estou, sim, orgulhosa do nosso avanço.

Esse resultado não veio porque estamos sendo tratados com mais justiça ou igualdade. Muito pelo contrário, o racismo recrudesceu na nossa sociedade e o genocídio mantém a sua sanha sanguinária entre a juventude negra da periferia.

Mas é assim que vai ser: onde tiver racismo, vamos tirá-lo do caminho com muita luta, para garantir nossa visibilidade nos espaços de poder e colocar nossa competência para nos representar nesses locais. Mas estamos vivas e vivos e as importam. Principalmente quando ocupamos as tribunas e os plenários de onde sempre fomos apenas meros coadjuvantes na hora de votar. Vamos sim, ampliar nossos lugares de fala!

Parabéns a todos(as) os(as) candidatos(as) negros(as) eleitos(as) e que não percam de vista a importância histórica do nosso protagonismo.

Viva Zumbi! Viva ! Vivam as Marielles que brotam todos os dias pelo nosso País!

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ieda111Iêda Leal – Coordenadora Nacional do

 

 

 

 

 

 

 

MNU. Tesoureira do . Manifesto lançado pelo MNU em 21 de março de 2020

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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