Agir pela Terra, pelo humano, pela vida
Incêndios fora de controle na Califórnia, na Austrália, no Pantanal Brasileiro, nas florestas de Portugal. Enchentes na Alemanha, em Moçambique, no Nordeste brasileiro, secas no norte da Argentina e Sul do Brasil. Não é preciso ser especialista em clima para perceber que os eventos chamados de “naturais” estão cada vez mais devastadores e frequentes e não respeitam fronteiras.
Por Jair Pedro Ferreira
Por causa desse verdadeiro atentado ao meio ambiente, centenas de entidades, ativistas ambientais e diversos artistas marcam presença, nesta quarta-feira, dia 9, em Brasília em frente ao Congresso Nacional, no Ato em Defesa da Terra e contra o Pacote da Destruição. É necessário pressionar o parlamento a não colocar em votação esse pacote de maldades do governo.
O sexto relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, na sigla em inglês), divulgado em fevereiro, afirma que os eventos extremos já afetam metade da população mundial, aprofundando as desigualdades e retardando o desenvolvimento dos povos e países.
Pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgada no ano passado, demonstrou que o Sul da floresta amazônica já emite, por causa do desmatamento seguido de queimada, mais CO2 do que absorve. E o que faz o governo brasileiro diante de um cenário tão preocupante?
Prepara a aprovação a toque de caixa de uma série de medidas que não pode ter outro nome que não o de Pacote da Destruição, projetos de lei que irão legalizar o crime ambiental, a devastação e dilapidação dos nossos parques e patrimônios naturais.
Entre os vários retrocessos inaceitáveis está a mineração em terras indígenas, a anistia à grilagem de terras públicas, a liberação irrestrita de agrotóxicos.
No documento, que convoca para o ato e assinado por artistas como Caetano Veloso, centenas de organizações alertam: “…
Todos os indicadores são de trágico retrocesso: desmatamento, emissões de gases de efeito estufa, perda da sociobiodiversidade, grilagem de terra, degradação de áreas protegidas, invasões a territórios indígenas e quilombolas, envenenamento dos alimentos, violência e criminalização contra populações tradicionais e camponesas, especialmente mulheres e negros….
Mas esse quadro pode não apenas piorar, como se eternizar, caso o Congresso Nacional resolva se aliar definitivamente ao presidente em sua cruzada contra o país e o planeta”.
Entendo que lutar contra esse verdadeiro “combo da morte”, é uma tarefa que cabe a todos os trabalhadores, pois sua aprovação seria a institucionalização do “passar a boiada” idealizado pelo ex-ministro do Meio Ambiente, de triste memória.
E se tem uma lição que devemos aprender depois de enfrentarmos uma pandemia como a de Covid- 19, é que nossas ações estão interconectadas. Lutar contra esses projetos é resistir pelas nossas vidas, mas também pela saúde de todo o planeta.
Jair Pedro Ferreira – Conselheiro da Revista Xapuri