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BANCO DO BRASIL LUCRA R$ 18,8 BI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2024

BANCO DO BRASIL LUCRA R$ 18,8 BI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2024

Banco do Brasil Lucra R$18,8 BI no primeiro semestre de 2024

O Banco do Brasil apresentou lucro de R$ 18,8 bilhões no primeiro semestre de 2024. O valor significa crescimento de 8,5% em relação ao primeiro semestre de 2023. No segundo trimestre, o BB apresentou resultado de R$ 9,5 bilhões, 2,2% maior do que o apresentado no primeiro trimestre do ano, quando o lucro foi de R$ 9,3 bilhões.

Por Contraf-CUT

O retorno sobre patrimônio líquido (PSPL), indicador financeiro também conhecido como ROE e que mede a capacidade da empresa em agregar valor, teve aumento de 0,3 pontos percentuais (p.p.) em doze meses, chegando a 21,7%, exatamente o mesmo percentual apresentado na divulgação dos resultados do primeiro trimestre deste ano.

Segundo o BB, o resultado foi influenciado pelo aumento das receitas de crédito e tesouraria, combinado com a queda nas despesas financeiras e que resultou no crescimento de 16,4% da margem financeira bruta.

“O lucro do BB é fruto direto da dedicação de todos os funcionários. E, por isso, nós estamos cobrando valorização real nos salários e aumento na remuneração, incluindo PLR, para que o banco valorize devidamente os trabalhadores e trabalhadoras”, destaca Fernanda Lopes, coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB).

AGÊNCIAS E CLIENTES

Dados divulgados no relatório produzido pela equipe do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre os recentes resultados do BB mostram que, no final do semestre concluído em junho, o BB contava com 87.130 funcionários – aumento de 2.099 postos de trabalho em 12 meses. A entidade destaca, entretanto, que enquanto o número de funcionários cresceu apenas 2,5% o de estagiários cresceu 28,7%, totalizando 485 no final do semestre.

No mesmo período, o BB abriu mais uma agência tradicional, ficando com um total de 3.172 unidades, além de 13 agências digitais, passando a ter no país 826 estruturas deste perfil. Por outro lado, em doze meses, houve a redução de 40 postos de atendimento bancário (totalizando 1.530 unidades) e aumento de 1,64 milhão de clientes, alcançando 83,29 milhões em junho de 2024.

“Existe um movimento no setor bancário do Brasil de redução de vagas e fechamento de agências no setor, mesmo diante do crescimento de lucros. Então, esse dado do BB, de aumento de 2.099 postos e praticamente manutenção de agências formais, mostra a importância dos bancos públicos para o setor, com perspectiva de abertura de novos concursos públicos”, avalia Fernanda Lopes.
O BB está no grupo dos quatro maiores bancos do país, ao lado de Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. Enquanto o banco público apresentou crescimento no número de vagas, na variação entre o primeiro semestre de 2023 e primeiro semestre de 2024, todos os demais reduziram: Itaú em -1.785; Bradesco em -573 e Santander em -80. No total, os bancos privados fecharam no país 2.438 vagas de emprego.

CARTEIRA DE CRÉDITO

A concessão de crédito cresceu 13,2% em 12 meses e 3,9% no trimestre, totalizando R$ 1,18 trilhão, em junho de 2024. O Agronegócio, que representa um terço de toda a carteira da instituição, foi o que mais cresceu: 14,9%, em um ano, totalizando R$ 335,45 bilhões.
No mesmo período, a carteira Pessoa Física cresceu 5,7% (R$ 317,24 bilhões) e a carteira Pessoa Jurídica expandiu 10,9% (R$ 323,81 bilhões).

INADIMPLÊNCIA E DESPESAS COM PCLD

O BB afirma que o índice de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias ficou em 3,00%, aumento de 0,27 p.p. em relação a junho de 2023, mas ainda abaixo da inadimplência média do Sistema Financeiro Nacional (3,20%).

Já as despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD), também chamada de provisões para devedores duvidosos (PDD), cresceram 56,1%, em doze meses, totalizando R$ 19,96 bilhões no primeiro semestre de 2024.

A título de comparação, em março, o BB havia divulgado crescimento de 145,3% na PDD, totalizando R$ 10,15 bilhões no primeiro trimestre de 2024. Esse aumento significativo na provisão havia sido reflexo do agravamento do risco nos segmentos large corporate (grande empresa) e agronegócio.

“No 2º trimestre, houve redução na PDD, porém, poderia ter caído mais, porque o BB não sofre com uma inadimplência significativa e, por mais que a carteira de crédito tenha crescido, não foi de maneira tão significativa, quando consideramos a evolução em 12 meses”, avalia a economista da subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Vivian Machado.

Ela explica que a PDD é uma reserva importante, que é feita para que o banco se proteja de uma futura perda em relação aos inadimplentes, entretanto essa despesa impacta negativamente no lucro. “Ou seja, quanto maior a PDD menor o resultado, o que, por sua vez, impacta, por exemplo, na distribuição de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) aos funcionários. Se o BB tivesse reduzido em R$ 1,5 bi, o lucro apresentado no semestre teria superado ao do banco Itaú”, completa.

Fonte: Contraf-CUTlogo fetec cut cn

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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