Bom Jesus dos Matosinhos

Barragem ameaça Santuário de Bom Jesus de Matosinhos

Barragem ameaça Santuário de Bom de Matosinhos

Santuário de Bom Jesus de Matosinhos: da Humanidade ameaçado pela barragem Casa de Pedra, cinco vezes maior que Brumadinho, em Congonhas,Minas Gerais.

Por Eduardo Pereira 

Não tem quem passe por Congonhas, cidade histórica de Minas Gerais, que não tenha pelo menos uma foto ao lado de um dos doze apóstolos esculpidos em pedra sabão por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, no adro do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em tamanho real.

Reconhecidas pela Unesco como da Humanidade, as estátuas fazem parte do complexo religioso do Santuário, que conta também com a Igreja do Bom Jesus de Congonhas, em seu interior ricamente decorada no estilo rococó, e com seis capelas (passos) que, para a religião católica, representam as Estações da Cruz, e em cujo interior se encontram sessenta esculturas barrocas, esculpidas em madeira, obras-primas do grande artista mineiro do Colônia, representando a Paixão de Cristo.

Do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, fundado pelo português Feliciano Mendes na segunda metade do século XVIII e construído durante mais de 100 anos (1757–1805), cujas capelas ficam abertas à visitação pública de terça a domingo até as 20h30, pode-se ver a barragem Casa de Pedra, o “monstro que paira sobre os 54 mil habitantes de Congonhas”, conforme definição do prefeito do município, José de Freitas Cordeiro, conhecido como Adelinho.

Segundo a Secretaria de Estado de e Sustentável (Semad) de Minas Gerais, com seus 50 milhões de metros cúbicos de resíduos de mineração que se acumulam em uma montanha de rejeitos de 76 metros de altura, somando quase cinco vezes o volume que irrompeu em Brumadinho, a Casa de Pedra é classificada como Classe 6, a mais alta em categoria de risco e de dano potencial associados.

Traumatizados pelas tragédias criminosas de e Brumadinho, os moradores de Congonhas, especialmente os do bairro Gualter Monteiro, cujas casas ficam a apenas 250 metros das paredes da barragem, vêm informando às autoridades estaduais e nacionais, e à imprensa, da dificuldade de ação, ou pelo menos de resposta por parte da CSN, com respeito à de suas vidas.

Membros da comunidade alegam que a companhia se recusa ao diálogo, mesmo tendo sido constatado um alto risco de rompimento pelo Ministério Público de Minas Gerais, que encontrou problemas na estrutura da Casa de Pedra duas vezes, em 2013 e 2017, tendo determinado uma série de medidas corretiva em outubro de 2017.

Em entrevista à BBC News Brasil, o prefeito Adelinho informou que, em reunião recente com a mineradora, a CSN se comprometeu, “de boca”, a iniciar o processo de desativação da barragem, que está em operação há 15 anos, até o final de 2019, mudando o processo de produção do minério de ferro para a produção do rejeito a seco, que não precisa de barragem.

Até lá, é contar com a e torcer para que as gerações futuras também tenham a chance de fazer suas selfies ao lado dos profetas barrocos do adro da Igreja de Bom de Jesus, no Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas, no estado de Minas Gerais.

Eduardo Pereira

Eduardo Pereira

Eduardo Weiss – Sociólogo – @weiss_guru

 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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