Crucifix illustration
Foto por Pixabay em Pexels
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Corpus Christi: Ressurreição, Comunhão e Fé

Corpus Christi: Ressurreição, Comunhão e Fé

Por Rosilene Corrêa 

Ressureição, Comunhão e Fé, é essa mensagem do feriado de Corpus Christi que bate fundo no meu coração.

Desde criança, a cada ano espero com alegria pelos lindos tapetes de serragem, construídos coletivamente por mãos humildes e simples nos mais distantes recantos desde nosso Brasil tão castigado e sofrido que, apesar de tudo, mantém a fé em dias melhores, mais bonitos e mais felizes.

A cada ano me admiro mais com a capacidade de resistência dessa tradição portuguesa que vem desde o século XIII e que, há séculos, não somente para gente que, como eu, professa a fé católica, mas para boa parte do povo brasileiro, representa um momento bonito de reflexão sobre o sentimento de solidariedade que queremos e devemos comungar na busca de um tempo melhor para o povo brasileiro.

Que essa tradução genuína da fé cristã, expressada nessas verdadeiras peças de arte popular, que são os tapetes feitos de sal, de serragem, de areia de borra de café, de cascas de ovos e de flores, de muitas flores, alimente em nossos corações a coragem de seguir sonhando e de seguir lutando com um mundo de paz e de bem para todos os brasileiros e para todas as brasileiras.

Rosilene Corrêa – Professora. Dirigente Sindical. Imagem: SindiPúblicos

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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