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É um sentimento de pertencimento"

CURATIVO PARA PELE NEGRA GERA “SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO”

Curativo para pele negra: “É um sentimento de pertencimento”, homem chora ao encontrar curativo com o seu tom de pele

e pesquisador da de Stanford, Dominique Apollon compartilhou sua surpresa em uma rede social ao encontrar um curativo da cor de sua pele, afirmando que desde a procurava pelo produto, sem jamais ter encontrado até então.

Por Redação RPA – razoesparaacreditar

“Foram 45 viagens ao redor do Sol, mas pela primeira vez na minha vida eu sei como é ter um ‘band-aid’ no meu tom de pele. Você mal pode mesmo percebê-lo na primeira imagem. De verdade, eu estou segurando as lágrimas”, desabafou na legenda da foto publicada no Twitter, onde mostra o curativo pregado na sua mão.

110 mil pessoas estão falando sobre isso, opost repercutiu fortemente na plataforma, tendo alcançado 555 mil curtidas desde a sua publicação, em 19 de abril.

Dominique voltou a postar na rede social dias depois, comentando sobre como se sente valorizado por algo tão singelo, ao mesmo em que se sente triste por saber que milhões de jovens e crianças negras ao redor do mundo não encontram esse mesmo sentimento de pertencimento.

“Não que eu não soubesse que esses tipos de curativos existiam, mas eu definitivamente não esperava sentir essas emoções enquanto o colocava sobre minha pele (…) É um sentimento de pertencimento. Como se sentir valorizado.

Tristeza pelo meu eu mais jovem e milhões de de cor, especialmente crianças negras. Como um lembrete de inúmeros espaços onde minha pele ainda não é bem-vinda. Temida. Odiada”, complementou.

Durante uma entrevista à rede de televisão norte-americana NBC, o pesquisador disse que nunca procurou ativamente por esse tipo de curativo, mas decidiu comprá-los da Tru-Color Bandages pois “desejava apoiar pessoas de produtos centrados em ”.
 

A Tru-Color Bandages foi fundada há cinco anos pelo magnata Toby Meisenheimer, que é branco, após ele não conseguir encontrar um curativo que correspondesse ao tom de pele de seu filho adotivo afro-americano. (Publicado originalmente em: 1 de maio de 2019). 


 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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