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Daniel Munduruku, um professor indígena na Unicamp

Durante o primeiro semestre de 2018, a Faculdade de Educação da Unicamp, via Coordenação do Curso de Licenciatura Integrada Física-Química e Edital PRG 2018 para o Programa Especialista Visitante em Graduação, terá como professor convidado o escritor Daniel Munduruku, doutor em Educação pela de e Pós-doutor em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos.

Autor de mais de 50 livros voltados ao público infantil, infanto-juvenil e educadores, Daniel já recebeu diversos prêmios literários dentre eles o Prêmio Jabuti. Como diretor do Instituto UKA – Casa dos Saberes Ancestrais, realiza também ações de formação e divulgação da indígena no Brasil, como o selo literário UKA Editorial e encontros de escritores e realizadores .link loja solidáriaDaniel Munduruku ministrará, sextas-feiras pela manhã, a disciplina “Temática Indígena na Escola”, intitulada “EP 817: Tópicos Especiais em Educação I – Turma B (Profa. Responsável: Alik Wunder)” no catálogo da DAC.

As inscrições para a disciplina estarão abertas, a partir do dia 6 de fevereiro, para estudantes de graduação da Unicamp, em especial dos cursos de licenciatura e pedagogia e para público externo, como alunos especiais.

O curso apresentará a temática indígena em suas abordagens antropológica, histórica, social e literária, comprometido com a causa da educação para a tolerância e respeito às diferenças.

O escritor também atuará em uma disciplina de pós-graduação da Linha de Pesquisa 8 – e Linguagem e Educação, nas quintas-feiras pela manhã focando especialmente a presença indígena no pensamento acadêmico e na , além em outras atividades voltadas à comunidade acadêmica.Link Loja Solidária estáticoA presença de um professor indígena na graduação e pós-graduação da Faculdade de Educação marca e celebra uma série de ações que vem sendo movimentadas na unidade por estudantes, professores e funcionários no sentido de ampliar a inclusão étnico-racial na universidade e o diálogo com os outras formas de conhecimentos, como:  as discussões e aprovação das cotas no curso de Pós-graduação em Educação em 2016 e no vestibular da Unicamp em 2017, e a criação das disciplinas obrigatórias “Histórias e culturas dos povos indígenas brasileiros” e “Histórias e culturas afro-brasileiras e africanas” no novo catálogo do curso de Pedagogia.

Daniel também auxiliará no aprofundamento destas discussões em nossa comunidade acadêmica, como uma das formas de preparação para a recepção dos estudantes indígenas a partir do vestibular de 2019.

ANOTE AÍ:

Daniel Munduruku alchetroncom

Fonte desta matéria: Faculdade de Educação / Unicamp  via Ailton Krenak

Daniel Munduruku, doutor em Lingüística pela Universidade de São Paulo e Pós-doutor em pela Universidade Federal de São Carlos.

Confira um pouco do do professor Daniel Munduruku em seu blog e vídeo divulgado pela UNOi Educação.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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