Decisão do Governo B ameaça de morte nossos 305 povos indígenas

Decisão do Governo B ameaça de morte nossos 305 povos indígenas

Decisão do Governo B ameaça de morte nossos 305
Davi Popygua Guarani: Líder guarani teme massacre e diz que indígenas viraram alvo no governo Bolsonaro

Mudança da responsabilidade pela demarcação de terras da Funai para o Ministério da , comandado por ruralistas, pode significar o fim da no Brasil

 
Por:  Redação RBA
 
— Os 305 povos indígenas existentes no Brasil, com suas 274 línguas nativas, estão ameaçados de morte com a decisão do governo de Bolsonaro de transferir a demarcação de terras indígenas da Funai para o Ministério da Agricultura, comandado agora por Tereza Cristina, representante da bancada ruralista. O alerta é de David Karai Popygua, liderança guarani da Terra Jaraguá, na zona norte de São Paulo.
“Essa mudança representa claramente uma grande ameaça aos povos indígenas. Bolsonaro coloca os povos indígenas abaixo dos ruralistas para que todos os interesses de exploração e os territórios sejam entregues aos ruralistas. É uma ameaça grotesca porque não dá direito algum aos povos de se defender e nem de ter algum direito. Na prática, é a liberação de todo o território indígena para a exploração dos ruralistas e do agronegócio fazerem o que bem entenderem”, afirmou David Karai Popygua, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.

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Popygua destaca que o Estado brasileiro deveria reconhecer os , conforme a Constituição. Para ele, a decisão do governo Bolsonaro representa o fim da política indigenista no Brasil. “É um absurdo o que está acontecendo. Daqui pra frente vão acontecer muitas mortes e quem mais vai sofrer com essa situação são as crianças, os jovens e os velhos indígenas.”
Para o líder, não há dú de que a dificuldade atual dos povos originários de garantir os seus direitos ficará muito pior. “A gente não consegue nem imaginar o que é entregar o território e os povos nas mãos dos ruralistas que, historicamente, nos perseguem”, lamenta, enfatizando que o Brasil já tem um alto índice de mortes por questões fundiárias.
Segundo Popygua, com 60% do território indígena ainda não demarcado, não deverão ocorrer novas demarcações de terra no governo de Bolsonaro. “O governo está negando o direito histórico dos povos indígenas e, sem dúvida, dizendo que eles não merecem respeito, não merecem dignidade, não merecem ter a sua cultura preservada. É como se nós, agora, fôssemos um alvo do governo a ser exterminado.”
A liderança guarani faz, inclusive, um apelo para que a população brasileira não fique omissa. “Até as pessoas que votaram nesse governo têm que se manifestar, porque são medidas absurdas. Estamos falando da vida dos povos indígenas.”

David Popygua. Foto: Luca Meola/Midia Ninja

Capa: Yawanawa, Acre. Foto: Raimundo Pacó

Matéria original: https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2019/01/lider-guarani-teme-massacre-e-diz-que-indios-viraram-alvo-no-governo-bolsonaro

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Leia a Revista Xapuri – Edição Nº 81


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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