Desastres ambientais e a violação dos direitos humanos

Desastres ambientais e a violação dos direitos humanos

Desastres ambientais e a violação dos direitos

Um modelo econômico de extrativismo predatório consiste em retirar de forma desregrada recursos diversos do meio ambiente, causando, ao longo do tempo, severos desequilíbrios ambientais pela forma como o homem interage com a para produção de riquezas dentro de um sistema capitalista…

Por Amanda Gondim/via Mídia NINJA

Diante dessa atividade econômica, consequência de uma extração indiscriminada, é imprescindível que países, estados e municípios criem soluções às mudanças como uma forma de conter os danos e se adaptar aos fenômenos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

Convém mencionar que as populações são afetadas de formas desiguais por desastres naturais extremos, de modo que evidenciam o racismo e a injustiça ambiental que grupos vulneráveis como mulheres, povos indígenas, comunidades ribeirinhas, população negra, pessoas com deficiência, imigrantes e refugiados vivenciam. Ao atingir de forma distinta, percebe-se uma existência de proteção e priorização estrutural a grupos privilegiados em relação às tragédias climáticas, restando, portanto, uma ausência representativa e de reconhecimento do desses grupos. Não se pode considerar a população mais suscetível e desamparada como apenas atingidos, mas também como lideranças necessárias na linha de frente do combate às mudanças climáticas.

Considerando o modelo político atual, com falta de alternância, continuidade e o formato engessado que limita a participação de representantes nas decisões dos governos, a pauta ambiental acaba ficando nas mãos do agronegócio, indústria e pecuária, que são os maiores causadores da degradação ecossistêmica. Assim, ao Público cabe criar políticas públicas e um sobre mudanças climáticas que consigam proteger o meio ambiente, as populações vulneráveis e os municípios que sempre são afetados por eventos extremos, ainda que seja apenas para se evitar ou reduzir a intensidade de fenômenos.

Ao não preparar tais planos, o viola direitos humanos, especialmente o princípio constitucional de que o meio ambiente deve ser preservado para as presentes e futuras gerações. Este ano será significativo, pois, após grandes eventos climáticos, podendo todos serem relacionados ao – como rompimento de barragens, acima do esperado, desmoronamento de rochas – teremos eleições de extrema importância que determinarão o rumo para questões climáticas. Possuiremos a oportunidade de confiar nosso voto a líderes que são linha de frente no combate às questões climáticas, que compreendem a relevância de se trabalhar urgentemente essa pauta de forma responsável, sábia e representativa, antes que mais desastres aconteçam e mais populações percam tudo, inclusive a própria .

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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