João Bosco: Nota de Repúdio à Operação “Esperança Equilibrista”
Recebi com indignação a notícia de que a Polícia Federal conduziu coercitivamente o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Jaime Ramirez, entre outros professores dessa Universidade.
A ação faz parte da investigação da construção do Memorial da Anistia. Como vem se tornando regra no Brasil, além da coerção desnecessária (ao que consta, não houve pedido prévio, cuja desobediência justificasse a medida), consta ainda que os acusados e seus advogados foram impedidos de ter acesso ao próprio processo, e alguns deles nem sequer sabiam se eram levados como testemunha ou suspeitos.
O conjunto dessas medidas fere os princípios elementares do processo legal. É uma violência à cidadania. Isso seria motivo suficiente para a minha indignação. Mas a operação da PF me toca de modo mais direto, pois foi batizada de “Esperança equilibrista”, em alusão à canção que Aldir Blanc e eu fizemos em honra a todos os que lutaram contra a ditadura brasileira.
Essa canção foi e permanece sendo, na memória coletiva do país, um hino à liberdade e à luta pela retomada do processo democrático. Não autorizo, politicamente, o uso dessa canção por quem trai seu desejo fundamental.
Resta ainda um ponto. Há indícios que me levam a ver nessas medidas violentas um ato de ataque à universidade pública. Isso, num momento em que a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, estado onde moro, definha por conta de crimes cometidos por gestores públicos, e o ensino superior gratuito sofre ataque de grandes instituições (aliadas a uma visão mais plutocrata do que democrática).
Fica portanto também a minha defesa veemente da universidade pública, espaço fundamental para a promoção de igualdades na sociedade brasileira. É essa a esperança equilibrista que tem que continuar.
João Bosco
07/12/2107
Foto: Portal Vermelho
O Bêbado e a Equilibrista
João Bosco/Aldir Blanc
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco, o bêbado com chapéu coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil, meu Brasil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Choram Marias e Clarisses
No solo do BrasilMas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança dança
Na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucarAzar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar
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