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Existe coisa mais linda do que o desabrochar de uma flor de pitaya?

FLOR DE PITAYA: EXISTE COISA MAIS LINDA?

Flor de pitaya: Existe coisa mais linda?

Existe coisa mais linda do que o desabrochar dessa flor espetáculo da , que  aqui no também chamam de “flor-da-noite”, “dama-da-noite”, “cardo-ananás”, “flor-da-lua” e também “pitaia”, ou “pitaya”, como a planta e a própria fruta?

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Nasceu a primeira flor de pitaya no quintal da nossa Vizi. A foto dessa lindura amarelo-claro com exuberante miolo dourado, parecendo que tem outra flor nascendo de dentro dela, a Vizi  mandou via zap, no meio da manhã calorenta, quando o sol já esturricava e, lá no pé,  a bela dama da noite havia se retirado para o sono transformador que fará dela um lindo fruto vermelho.

De lá pra cá ando fuçando, tentando saber mais sobre a flor da pitaya. Descobri que Hylocereus undatus é o nome do cactus, de origem provavelmente mexicana, que gera essas enormes e intensamente perfumadas, que duram só uma noite, e que é delas que vem a pitaya, também conhecida como fruta do dragão, cada vez mais usada no Brasil para fins diversos, inclusive medicinais.

Mas essa já é outra .  Voltemos pra “rainha-da-noite”, que  aqui no Brasil também chamam de “flor-da-noite”, “dama-da-noite”, “cardo-ananás”, “flor-da-lua” e também “pitaia”, ou “pitaya”, como a planta e a própria fruta.

Já em língua espanhola, ganha os nomes de “reina-de-la-noche”, “flor-de-cadiz”, ‘pithaya-orejona”. Em inglês, é chamada de “dragonfruit”, “belle-of-the-night”, e no Oriente, de “flor-da-fruta-do-dragão”, alguns dizem que por conta do caule que antecede as flores, que é formado por gomos recobertos de escamas, que guardam semelhança com as figuras tradicionais dos dragões.

O certo é que o nome pitahaya vem de palavra que quer dizer “fruto de escamas”. O certo também é que acordei tarde para ver o desabrochar da primeira flor de pitaya do quintal da minha Vizi.  Mas os vídeos disponíveis na internet mostram um espetáculo estonteante! Dá uma olhada nesse aí!

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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