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Cordel da Mulher: homenagem a todas as mulheres do mundo

HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES DO MUNDO

Homenagem a todas as mulheres do mundo

Mil às mulheres/Por tudo o que elas são/ A Mulher é /É a beleza em ação/A Eternidade é Mulher/Num infinito  coração/

Cordel da Mulher 

Homenageio a Mulher
E faço deferimento
A mulher é nossa luz
Estrela do pensamento
Luminária infinieterna
Nas ondas do firmamento

Sem mulher não tem
Nem nem nascimento
Da mulher nascem homens
Brota amor e sentimento
Nasceu Jesus, Gandhi, Einstein
E muita gente de talento

A mulher é gen-semente
Que germina a
Dá mulher brotam os deuses
Fecunda-se a sociedade
Sem mulher não há graça
Se tem mulher… há liberdade

Da mulher nasceu Cristo
Luther, Lennon, Maomé
Santos Dumont, JK
Castro Alves e Pelé
A mulher faz a História
Com amor, trabalho e fé

Da Mulher tudo provém
Até mesmo a divindade
Desconfio que em Deus
Haja feminilidade
Na costela da mulher
Nasceu a felicidade

No umbigo da mulher
Germina a panaceia
No olhar da pitonisa
Na boca de Amalthea
No coração do planeta
Palpita nossa mãe Rhea

Salve a mulher todo sempre
Minuto-hora, dia e ano
Na mulher eu me inspiro
Nas ondinas do oceano
Nas sabiaras dos rios
Mulher em primeiro plano

Mulher que tece o infinito
Deusa, -mãe, menina
Movialimenta o Mundo
Com almater feminina
Estrelua multiversa
Que ao amor trilumina

Nove meses de
Dão luz à eternidade
A mulher fada-rainha
Ave da imortalidade
Inspira, cria, procria
Flor da criatividade…

Dádiva da Mãe Natureza
Desperta o encantamento
Mulher o amor floresce
Ilumina o pensamento
Mulher é a árvore da vida
Que frutifica o sentimento

Mulher é flor que concebe
A arte do movimento
É deusave em sinfonia
Nave que voa no vento
Sintonia da ternura
Estreluz do firmamento

Mulher Galáxia Diamante
Constelação magistral
Na luta do dia a dia
Divindade maternal
Mulher é Eternidade
Amor Infinitesimal

Mil flores às mulheres
Por tudo o que elas são
A Mulher é Natureza
É a beleza em ação
A Eternidade é Mulher
Num infinito  coração

– Cordel da Mulher 

HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES DO MUNDO
Imagem: Reprodução/Internet

Gustavo Dourado – Escritor, Poeta, Cordelista. Presidente da Academia Taguatinense de Letras.

HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES DO MUNDO
Foto Ilustrativa: Mulher Nordestina

Poeta da reinvenção e da magia.

Seu universo pujante e criativo é desvendado página a página, com palavras que jorram sons e cores, matéria prima da imaginação.

Conhecedor profundo de nossa língua e de obras dos imortais Guimarães Rosa, Mário Faustino, Euclides da Cunha, Castro Alves, dos repentistas Cuíca de Santo Amaro, Zé de Duquinha, Cego Aderaldo e Zé Limeira, sem falar nos modernistas, faz uma junção básica do popular, do erudito e do concreto.

Ao inspirar-se, costuma beber em fontes glauberianas e torquatianas. Não é à toa que dedica dois poemas a e um belíssimo cordel a Torquato Neto. Sua magia vem também de leituras de Jorge Amado, James Joyce e de Baudelaire.

HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES DO MUNDO
Foto Ilustrativa – MST

Assim, o poeta lança um olhar sobre o futuro, transcendendo, com sua obra, os muros do lugar comum. E o resultado não poderia ser outro: versos que primam pela inventividade, versatilidade e ineditismo.

Em “Guimã-Rosa”, por exemplo, faz uma exaltação à língua portuguesa e aos inventores da linguagem quando diz:

“Língua! Por(tu)guesa errante, lusídica rosa personalizada/experimentalizo la langue nas ancas filológicas do verso…Guimã-Rosa do povo/Cobra, Cabral Macunaíma”.

Suas palavras brotam cores devido a forte influência das artes visuais. Fez, inclusive, parcerias com os artistas Toninho de Souza, Zé Nobre, Sabino Costa, Delei, Edgar Santana, Jorge Braga, Regina Ramalho e alunos-pacientes do Sarah.

Contrário às profecias do caos, rebate essas idéias de forma peculiar com “homonovo” e ponteia:

“O novo homem surgirá dionisíaco/poético-sensual/consciente rítmico/homem performático, bailarino sideral/surfista alquímico da palavra.”

Mas é cruel quando fala de nossas instituições políticas, uma herança da geração panfletária e engajada e deixa escapar a constatação: “O quem U.$.A sou E.E.U.U.”

(Extraído do site de Gustavo Dourado). 

HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES DO MUNDO
Foto: gustavodourado.com.br

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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