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Incêndios maiores, mais quentes e perigosos

Incêndios maiores, mais quentes e perigosos

Os incêndios florestais que estão consumindo parte da Califórnia atualmente são os mais mortais da do estado. Até o momento, já foram confirmadas 42 mortes, mas ainda há muitos desaparecidos. Por trás dessa tragédia existe uma clara ligação com as alterações do , uma vez que os fatores que alimentam os incêndios são condições consistentes com as tendências impulsionadas pelas : temperaturas mais quentes do que a média, condições mais secas e maior disponibilidade de combustível.

Mudanças do clima estão tornando os incêndios maiores, mais quentes e mais perigosos

No caso da Califórnia, um dos períodos de seis meses mais quentes e secos já registrados ocorreu de maio a outubro deste ano. Nos últimos dois meses, a temperatura tem estado extraordinariamente quente no norte da estado, especialmente nas regiões onde os incêndios de Woolsey estão fora de controle.

Essas condições são o ápice de uma tendência que vem se acentuando nas últimas quatro décadas. Desde 1970, as temperaturas no oeste americano aumentaram cerca de duas vezes a média global, e a temporada de incêndios florestais no oeste aumentou de cinco para sete meses, em média. De 1979 a 2015, as mudanças climáticas foram responsáveis ​​por mais da metade dos aumentos observados no ressecamento das florestas ocidentais, bem como na crescente duração da temporada de incêndios.  15 dos 20 maiores incêndios florestais da Califórnia ocorreram desde o ano 2000.

“Este não é o novo normal, este é o novo anormal”, declarou Jerry Brown, governador da Califórnia. “Temos um verdadeiro desafio aqui, ameaçando todo o nosso modo de vida.”  Daryl Osby, Chefe dos Bombeiros do de Bombeiros do Condado de Los Angeles, alertou: “Estamos em extrema agora. Nós não controlamos o clima. Estamos fazendo tudo o que podemos para evitar incidentes, mitigar incidentes e salvar vidas. ”

Florestas ressequidas e longos períodos de incêndios estenderam a terra propensa a incêndios em mais de 40.000 quilômetros quadrados – quase o tamanho da Holanda – colocando mais comunidades em perigo. Os continuam a identificar a impressão digital da mudança climática na atividade de incêndios florestais na Califórnia.  “Se o norte da Califórnia tivesse chegado perto da precipitação típica do outono este ano, o comportamento explosivo do e a impressionante tragédia em Paradise certamente não teriam ocorrido”, explicou Daniel Swain, cientista climático da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) em thread no Twitter.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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