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Indígenas fazem manifestação em defesa de Bruno e Dom

Indígenas fazem manifestação contra o governo Bolsonaro e em defesa de Bruno e Dom

do Vale do Javari se uniram em manifestação nesta segunda-feira (13) para protestar contra a inoperância do governo de Jair Bolsonaro na proteção do território, contra às invasões e para demonstrar indignação pelo desaparecimento do Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips…

Por Mídia Ninja

Ao em que as equipes saíam para novas buscas nesta manhã, cerca de 200 indígenas marcharam pelas ruas de Atalaia do Norte rumo à praça do município. Foi a União dos do Vale do Javari (Univaja) que organizou o protesto. Entre as etnias representadas que vivem no território estão os povos Marubo, Mayoruna, Matis, Kulina Pano, Kanamari, Korubo e Tsohom Dyapá.

Boa parte dos avanços na investigação na região do Javari, se deve a esforços indígenas, como a descoberta de pertences do indigenista e do jornalista, no sábado (11), cuja confirmação de que se tratavam de objetos de Bruno e Dom foi feita no domingo (12). Desde o primeiro momento estão empenhados em descobrir o paradeiro dos dois.

A Equipe de Vigilância do Vale do Javari tem dedicado tempo integral às buscas, desde que detectaram que eles não haviam chegado em tempo hábil ao destino, Atalaia do Norte, no domingo (5). Bruno estava licenciado da Funai, onde era servidor, mas mantinha o foco na defesa dos indígenas e em ações de proteção ao território, atuando junto aos companheiros da Univaja. Dom viajava na companhia de Bruno para realizar entrevistas com indígenas e , pois escreve um dedicado à .

Segundo o jornalista Vinicius Sassine, enviado da Folha de a Atalaia do Norte, as faixas criticavam Bolsonaro e questionavam o paradeiro de Bruno e Dom. Os indígenas lembraram a morte de Maxciel dos Santos, funcionário da Funai que foi executado na região em 2019. Este, atuava contra as invasões do território.

Os indígenas também entraram no prédio da Funai como forma de protesto.

Outro jornalista que também acompanhar os desdobramentos do caso na região, Vinicius Valfré (Estadão) registrou momentos do protesto.

 

 

 

 

 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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