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Invasões garimpeiras no rio Tapajós

Invasões garimpeiras no rio Tapajós 
 
Carta aberta dos Caciques e Lideranças do Alto e Médio Tapajós sobre as invasões garimpeiras no território
Movimento Munduruku Ipereg Ayu se manifesta contra a invasão garimpeira em seus territórios.
 
Nós povo Munduruku do alto e médio Tapajós já nos pronunciamos muitas vezes. Somos contra o garimpo em nosso território e todo o avanço da destruição dos grandes projetos. Somos caciques, lideranças, guerreiros e guerreiras com nossas organizações, Movimento Munduruku Ipereg Ayu, Associação das Mulheres Munduruku Wakoborun, Associações Pariri, Dau'k, Arikico, Wuyxaximã Conselho Indígena Munduruku do Alto Tapajós- CIMAT. Tivemos reunidos entre os dias 20 e 22 de agosto de 2020, protocolamos carta contrária ao crescimento dos empreendimentos minerários em nosso território, contrária o projeto de Lei 191 que pretende legalizar as atividades que exploram os recursos do nosso território.
Nos reunimos mais uma vez alto e médio Tapajós no dia 05 de outubro de 2020. Estamos em um momento muito triste para o nosso povo, a destruição está crescendo muito em nosso território, apoiada por esse governo de projetos de morte. As invasões do nosso território aumentaram e com ela a destruição em nosso território desde a chegada desse desgoverno e ainda mais após a visita do ministro do no nosso território.
Somos a maioria dos Munduruku, estamos nas nossas aldeias e somos contra empreendimento minerários e madeireiros em nosso território.
Não aceitamos os poucos que são enganados pelos pariwat e usam o nome do nosso povo. Não queremos regularizar atividades de destruição no nosso território. Queremos a retirada dos madeireiros do nosso território no médio Tapajós e a das nossas Sawre Muybu e Sawre Bapim.
A Funai está devendo com nós a nossa demarcação, e se posiciona favorável a PL 191 que serve para legalizar a invasão do nosso território. Abrindo portas também para diversos empreendimentos que impactam nossas vidas, como a proposta da ferrogrão. Nunca nos recebeu tão fácil em Brasília e não atende os nossos pedidos como a continuidade do Ibaorebu, nossa diferenciada, e a continuidade das fiscalizações no nosso território. A Funai esta colaborando com a destruição.
Sem nossa terra é impossível preservar nossa para as outras gerações. Temos o nosso protocolo de consulta e exigimos ser consultados de acordo a 169 da OIT.
Os Munduruku que trabalham no garimpo, não ganham com isso, sabemos que quem ganham são só os pariwat empresários. Se legalizar a prática da mineração em terras indígenas todos os indígenas do vão sofrer e não são eles que vão continuar trabalhando, vão chegar grandes empresas. Eles enganam alguns que estão enfeitiçados dessa doença e usam a voz de poucos gananciosos para representar o povo inteiro. E deixam acreditar que dependemos de muito para viver, enquanto estamos destruindo nossa real fonte de vida, nossos rios e nosso território.
A Operação de fiscalização ocorrida em nosso território, precisa acontecer com continuidade, precisa ser mais bem organizada e gerida. Eles precisam ter uma base de fiscalização em cada rio de nosso território como também na área urbana de Jacareacanga, para conseguir realmente expulsar os invasores. E precisam ficar aqui com a gente. Não adianta passar dois dias. Exigimos também base de fiscalização do Ibama na aldeia Karoebak na Terra indígena Sawre Muybu (Daje Kapap Eipi) médio Tapajós para fazer fiscalização contra os madeireiros.
Sabemos que tudo isso que está acontecendo é organizado pelo governo, pelos brancos, pelos comércios, e vieram atrás de fonte de vida. Não temos medo e vamos continuar na luta! Nós decidimos, os caciques e organizações do nosso povo, que nossa assembleia geral será dia 15 de dezembro de 2020. Exigimos soluções efetivas sobre a destruição desenfreadas em nosso território. Assim como pedimos uma visita do Ministério Público Federal em nossas Terras indígenas tanto do médio quanto do alto.
Fonte: COIAB

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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