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JUAN CARLOS CARRASCO RUEDA: UM GRANDE COMPANHEIRO

Juan Carlos Carrasco Rueda: um grande companheiro

“Há homens que lutam um dia e são bons,  há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons.  Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.” Bertolt Brecht

Por Júlio Barbosa de Aquino

Em março de 2023, fiz uma ótima viagem a Helsinki, na Finlândia, para um encontro com várias ONGs parceiras do CNS desde a década de 1990. 

Em Helsinki, fui recebido pelo Ministro de Relações Exteriores, Pekka Haavisto, Ministro da Cooperação para o Desenvolvimento e Comércio Exterior, Ville Skinnari, me reuni com o Diretor para e Caribe do Ministério de Relações Exteriores, Lasse Keisalo, e acabei fazendo uma agenda de três horas com assessores do Ministério do da Finlândia.

Nessa maratona toda, quem me acompanhou foi Juan.

Tem sido assim desde que o CNS é o CNS. Foi assim em 1996, quando nossas entidades parceiras fizeram na Europa uma campanha intitulada para os Povos da , quando visitaram a Finlândia e conheceram a KEPA – Finnish Service Centre for Development Cooperation, encontro que deu início a uma cooperação técnica e financeira de longo prazo que viabilizou excelentes resultados para as

Foi assim também nas muitas viagens que fiz para o e para outros lugares do . Juan sempre me acompanha e me assessora. 

Mas quando não tem viagem, esteja ele com sua amada Hilda curtindo os netos em Alter do Chão, dando um tempo no Paraná ou visitando o seu Chile natal, o camarada está sempre presente na minha vida e na vida do CNS. 

De profissão, Juan é economista, mas ele é bom mesmo é de articulação, de organização das ações da luta . Por isso, eu sempre digo que, se tem alguém imprescindível no CNS, esse alguém atende pelo nome de Juan Carlos Carrasco Rueda. Muito obrigado, Juan!

JULIO BAROSA 2 1 1280x720 2Júlio Barbosa de Aquino – Líder . Parceiro de nos Empates e Presidente do CNS. Foto de capa: Divugação.

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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