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As Lutas Sindicais no Brasil – Live Solidária

As Lutas Sindicais no Brasil – Live Solidária

❤️ LIVE SOLIDÁRIA AS LUTAS SINDICAIS NO BRASIL ⏰ Dia: 30/09, às 21h 📍 Mediadora: Iêda Leal 🗣️ Participação: 📌 Stânio de Sousa Vieira – Coordenador Estadual do MNU. de Sociologia do IFTO


Boa Viagem, Manoel da Conceição!

“Entrego minha à minha classe, para que continuem a minha história” – Manoel da Conceição

Manoel da Conceição, timoneiro das grandes causas e das grandes lutas, partiu hoje para o dos encantados. Uma broncopneumonia aguda tirou Manoel da Conceição do espaço deste nosso mundo neste 18 de agosto, depois de quatro semanas de internação, em Imperatriz, no Maranhão. Mané tinha 86 anos.

Por

Teve linda trajetória o Manoel, ou Mané, como era chamado por amizades, companheiragens e camaradas. Um dos grandes símbolos da luta pela Reforma Agrária no Brasil, Mané lutou contra a ditadura, fundou a CUT, fundou o PT, foi o primeiro candidato a governador do Maranhão pelo PT, em 1982.

Eu o conheci logo depois do assassinato de Josimo Tavares, no ano de 1986, quando Denise e ele nos receberam no Centro de e Cultura do Trabalhador Rural (CENTRU), em Imperatriz. Era na garagem do  CENTRU que o Mané acolhia eu e todo mundo de luta quando passava pela região.

Depois, voltei algumas vezes. A acolhida era sempre a mesma: pouso garantido e prosa imperdível em algum boteco das redondezas. 

O Jornal Brasil de Fato fez, na tarde de hoje, um resumo da brilhante e guerreira trajetória de Manoel da Conceição: 

Nascido em 1935, desde muito jovem Manoel atuou na organização sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, começando pela organização da categoria em Pindaré-Mirim (MA), do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural (CENTRU) e mantinha uma relação próxima com as forças progressistas das igrejas católica e evangélica.
Nos anos que antecederam o golpe de 1964, ele viu as terras dos pais e dos vizinhos sendo tomadas por grandes fazendeiros, o que impulsionou sua militância política contra a ditadura. Em um desses episódios, foi preso, baleado no pé e teve uma das pernas amputadas, mas ainda assim seguiu na oposição ao regime. 
Anos depois, ficou preso por mais três anos e foi torturado diversas vezes durante meses. As torturas só foram interrompidas porque o Papa Paulo VI enviou um telegrama ao general Ernesto Geisel, pedindo por sua vida e exigindo libertação, até que em 1975 ele se refugiou em Genebra, na Suíça. Com o apoio da Anistia Internacional e demais entidades dos , ele passou por toda a Europa denunciando a opressão da ditadura militar no Brasil. 
Já no fim do regime, Manoel retorna ao Brasil tentando concorrer ao governo de Pernambuco em 1982, mas quem acaba ocupando o cargo é José Muniz Ramos, do extinto Partido Democrático Social (PDS) e em 1994, lança-se novamente como candidato, desta vez ao Senado pelo PT do Maranhão, mas não foi eleito, apesar dos 111 mil votos conquistados.
Nos últimos anos, Manoel Conceição vinha se dedicando ao trabalho nas cooperativas que ajudou a criar, através da Central de Cooperativas Agro-extrativistas do Maranhão (CCAMA), além de participar de articulações como a Rede de Frutos do . Em 2020, ao completar 85 anos, seu aniversário foi comemorado com homenagens e honrarias pelo governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), João Pedro Stédile (MST), e poetas, professores, lideranças sindicais, familiares, dentre outros admiradores e parceiros. “
Deixa saudade, deixa exemplo, deixa fé, o Mané!
Manoel da Conceicao card

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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