Lucélia Santos celebra Chico Mendes
O espetáculo Vozes da Floresta: Chico Mendes Vive, encenado por Lucélia Santos, estreia esta semana em curta temporada no Teatro Municipal Ipanema.
Por Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
A atriz encena a memória da luta de Chico Mendes, sob a companhia e o olhar histórico de Valdiza Alencar e Cecília Mendes. Na sexta-feira (25/8) e no sábado (26/8), a peça será às 20h, enquanto no domingo (27/8) o horário será às 19h. Os ingressos estão disponíveis neste link e na bilheteria do teatro.
As três mulheres da resistência dão o tom da peça. Elas intercalam seus sentimentos e paixões em narrativas que são à voz do próprio Chico Mendes. Ele é o fio condutor no relato da história coletiva do movimento de resistência dos seringueiros acreanos, sendo em essência, a sua própria história também.
No espetáculo, trechos inéditos de sua longa entrevista gravada há 34 anos são usados para retratar o ápice do conflito entre seringueiros e ruralistas. A sua persistência em resistir contra a derrubada da floresta onde vivia e trabalhava serviu e serve até hoje como exemplo para as gerações presentes e futuras.
Para que nunca morram as ideias de Chico Mendes, a peça traz a defesa de um legado que precisa perdurar. A força e a voz de Lucélia em cena, celebram e honram os ideais de Chico.
O seringueiro Chico Mendes foi assassinado no dia 22 dezembro de 1988, uma semana após completar 44 anos. Ele foi morto em casa por grileiros de terra.
Serviço
Vozes da Floresta: Chico Mendes Vive com Lucélia Santos e Francisco Carvalho
Datas: 25, 26 e 27 de agosto, sexta e sábado, às 20h e domingo às 19h
Local: Teatro Municipal Ipanema – Rua Prudente de Morais, 824 – Ipanema
Telefone: 2523-9794
Valores Ingressos: R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia-entrada)
Vendas online neste site
Capacidade: 222 lugares
Duração: 70 minutos
Ficha técnica
Dramaturgia: Zezé Weiss
Concepção, Direção e Atuação: Lucélia Santos
Ator Convidado: Francisco Carvalho
Direção Musical, Composições e Piano: Leandro Braga
Cenografia: Kleber Montanheiro
Figurinos: Kleber Montanheiro e Yamê Reis
Iluminação: Adriana Ortiz
Direção de Produção: Lucélia Santos
Consultoria de Conteúdos: Comitê Chico Mendes e Xapuri Socioambiental
Projeção Mapeada e Identidade Visual: Laerte Késsimos
Desenho de Som: Dugg Mont
Canto (A Voz Das Matas): Janaina Azevedo
Percussão (O Som Da Floresta): André Siqueira
Mixagem (Trilha Musical): João Ferraz
Fotos e Vídeos: Christyann Ritse
Cartaz Original: Subvertivo_lab
Direção de Documentário: Rose Farias
Edição Documentário: Neilson Abdallah
Pesquisa de Dramaturgia: Ed Weiss e Janaina Faustino
Revisão do Texto: Lúcia Resende
Colaboração de Áudios: Agamenon Torres Viana e Eduardo Meirelles
Restauro de Áudio: Ariel Henrique
Fotos de Cena: Rafael Mollica
Operação de Projeção e Som: Allysson Lemes
Operação de Luz: Fagner Lourenço
Diretor de Palco: Rodolfo Cerzedelo
Realização: LUSA – Produções Artísticas
Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Capa: Reprodução
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!
Belo artigo, mesmo, Agamenon. Obrigada pela leitura e pelo comentário.
Oi, Zezé!
Bora!
Recomendo a leitura desse artigo