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Ambientalistas

Maioria dos Programas de Governos dos Presidenciáveis foram considerados ruins, segundo ambientalistas

Ambientalistas analisam programas dos presidenciáveis: de desastrosos a simplistas, poucos passam pelo crivo

Por Paloma Varón
Ambientalistas presidenciáveis
Qual é a plataforma sobre meio ambiente dos presidenciáveis brasileiros? Piixabay

A RFI convidou três especialistas em questões ambientais para analisarem os programas de governo dos candidatos à Presidência da República em 2018. Agrotóxicos, desmatamento, transporte, saneamento e populações indígenas são algumas das questões que mais preocupam.

Para Marcio Santilli, sócio-fundador do Instituto Socioambiental, os candidatos, em seus programas, dão diferentes tratamentos ao tema. Enquanto alguns fazem das questões ambientais um eixo central, outros tratam de forma periférica.

“Os candidatos Marina Silva (Rede) e Fernando Haddad (PT) foram aqueles que deram uma maior relevância a este tema nos seus programas de governo, como um dos eixos centrais da visão do país que eles pretendem apresentar. O candidato Jair Bolsonaro (PSL) tem uma posição bastante avessa a esta agenda, propõe exploração predatória de recursos naturais e não demonstra muito compromisso com os direitos constitucionais de , de modo que tem uma posição mais adversa”, avalia.

Na análise de Malu Ribeiro, especialista em recursos hídricos da Fundação SOS Mata Atlântica, os candidatos abordam a questão ambiental de forma muito incipiente. Segundo ela, Jair Bolsonaro tem menos ou quase nenhum foco na questão ambiental.

“Os candidatos de centro, centro esquerda e esquerda trazem questões importantes como, por exemplo, a valorização de áreas protegidas. A questão do saneamento aparece forte nas propostas, nos discursos, nos debates”, diz.

Água como direito humano

“É um modelo antigo de tratar a questão ambiental. Estes temas aparecem de uma forma muito tímida, como se o não tivesse compromissos internacionais com o Acordo do Cima, com as convenções de ou mesmo de direitos humanos, que reconhecem a água limpa e acessível para todos como um direito humano”, continua Ribeiro.

Para a especialista em água, apenas três candidatos tratam a questão da segurança hídrica de uma forma mais abrangente e integrada: Marina Silva, Geraldo Alckmin (PSDB), que esteve à frente do governo de no auge da crise hídrica que atingiu o , e Fernando Haddad.

Segundo Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil, dos 13 candidatos, apenas quatro têm preocupações ambientais: Marina Silva, Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad e Ciro Gomes (PDT). Já outros tratam o tema de uma forma que ele considera um retrocesso perigoso.

O Greenpeace analisou não só os programas de governo como as declarações públicas dos candidatos. “Alguns candidatos dizem, por exemplo, que precisa retomar a de áreas indígenas, como é, por exemplo, a plataforma de Guilherme Boulos, que tem uma vice-candidata que é uma liderança ; outros dizem que as têm que acabar ou não serem mais demarcadas, como o candidato Bolsonaro. Então, existem extremos muito grandes nas propostas”, analisa.

De acordo com Astrini, a violência no campo atingiu índices altíssimos, e o Estado deveria ser mediador de conflitos agrários e não advogar em nome de um setor. Ele acha que, quando o Estado age assim, quem perde é a população brasileira, e cita a questão da contaminação das plantações e das águas para beneficiar o agronegócio.

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A floresta amazônica reúne mais de 14 mil espécies de plantas e cerca de 20% da fauna de todo o . Mario Tama/Getty Images
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Imprensa francesa repercutiu reação das Nações Unidas contra a violência perpetrada contra índios da tribo Gamela, no Maranhão. 03/05/17 | REUTERS/Lunae Parracho

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Índios Munduruku em suas terras que ficam a cerca de 40 minutos a pé do rio Tapajós em Itaituba, no Pará. 28 de outubro de 2014. | BARBOSA ANDERSON BARBOSA / AFP

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Raoni Metuktire, cacique Kayapó de 83 anos durante manifestação em frente ao Congresso. 3 de outubro de 2013 | REUTERS/Ueslei Marcelino

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Índios de diferentes tribos da Amazônia protestam em frente dos prédios administrativos do canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte, Altamira, Pará. 03/05/13
REUTERS/Lunae Parracho

Agrotóxicos

E, por falar em contaminação, os três especialistas são bastante críticos ao uso quase irrestrito de agrotóxicos no Brasil e ao lobby que a bancada do agronegócio faz na Câmara de Deputados para a aprovação da lei que flexibiliza ainda mais o seu uso.

“Enquanto o mundo caminha no sentido de abolir o uso de agrotóxicos, o Brasil quer flexibilizar”, aponta Ribeiro.

Astrini vai mais longe, destacando as propostas de Bolsonaro e de Alckmin como as mais preocupantes em relação ao projeto de lei ainda em votação no Congresso, chamado por ambientalistas de “PL do Veneno”. “Assim como Alckmin, Bolsonaro é a favor da ‘PL do Veneno’. Assim como Bolsonaro, Alckmin também flerta com a ideia de armar produtores rurais”.

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Uso doméstico de agrotóxicos é perigoso para a saúde, dizem especialistas.

Bolsonaro defende ainda que a Anvisa não tenha mais papel regulador, que a decisão de liberação de agrotóxicos seja exclusivamente do Ministério da Agricultura. O candidato fala também em abolir o Ministério do Meio Ambiente.

Haddad e Marina Silva, por sua vez, são os únicos a utilizarem o termo “transição ecológica” em seus planos de governo, apontando para desmatamento zero no Brasil, no menor prazo possível, com data limite em 2030 (Marina) ou para zerar a emissão dos gases de efeito estufa até 2050 (Haddad).

A RFI perguntou aos ambientalistas as 5 principais pautas socioambientais que deveriam estar em todos os programas de governo. Veja abaixo as respostas.

Márcio Astrini, Greenpeace
RFI
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Márcio Santilli (Instituto Socilambiental) | RFI

 

Ambientalistas
Malu Ribeiro, soso Mata Atlântica | RFI

ANOTE AÍ

Fonte: RFI – As Vozes do Mundo

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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