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A LENDA DA GRALHA E DO FOGO

“MANHÃS DE SETEMBRO”

“Manhãs de Setembro”

Início do mês de setembro, muitos esperam ansiosos por ele, justamente pelo inverno se despedir e a primavera acordar sorrindo.

Por Cibele Palladino
 
As manhãs de setembro despertam a alegria, a , pois as cores aparecem nas mais belas que despertam de seu sono hibernal.
 
Manhãs de setembro é um nome de uma bela que transmite a sensibilidade desse sentimento lindamente. A cantada relata que alguém se fechou no mundo, contando suas tristezas que conseguiram ser superadas,  suas atitudes que ao longo do caminho se tornaram  inabaladas.
 
Alguém que  ultrapassou as barreiras da  solidão, sendo assim, depois de tudo isso reviveu nas manhãs de setembro e saiu a cantar , a gritar, para ensinar o seu vizinho a cantar…
 
Lindamente a música faz uma alusão a superação que devemos fazer com cada detalhe da nossa vida. Existem horas que é necessário mesmo nos voltarmos para nosso interior, quando algo entra em desarmonia com a música que existe dentro de nós, quando os instrumentos desafinam, erramos a partitura, devemos parar e consertar o que se estragou: afinar os instrumentos, corrigir as partituras e voltar a cantar e, assim ensinar muitas pessoas a cantar também.
 
O inverno definitivamente chegará ao seu fim, olhe ao seu redor, os sinais já despertam, o sol brilha lá fora, as flores já estão surgindo, os dias vão se tornando lindos.
 
Desperta de seu sono, pegue seu violão e saia cantando por aí sua música. Pelo caminho você encontrará outras pessoas com seus variados instrumentos cantando, então poderá aprender várias outras músicas que poderão ser cantadas em sua estrada também.
 
Se por um acaso, num determinado momento da cantoria, uma corda da viola quebrar, as folhas das partituras se misturarem e você se perder na música, ou mesmo se sua voz por ventura sumir, pare, dê o do ajuste que precisará fazer, nesse instante, encontrará pessoas que cantarão para você e definitivamente não resistirá e voltará a entoar as músicas que com todo carinho pode compor.
 
Prepare-se para embalar a vida das pessoas e agradeça todos os dias por artistas ensinarem suas melodias para você!!
Eu estou na fase de agradecer por tantas melodias que aprendi…
As manhãs de setembro chegaram…então “eu quero sair, eu quero falar, quero ensinar meu vizinho a cantar[…]”
 

 

Manhãs de Setembro

letra e música de Vanusa

Fui eu que se fechou no muro e guardou la fora
Fui eu que num esforço se guardou na indiferença
Fui eu que em numa tarde se fez tarde de tristeza
Fui eu que conseguiu ficar e ir embora

E fui esquecida
Fui eu
Fui eu que em noites frias se sentia bem
E na solidão sem ter ninguém fui eu
Fui eu que em primavera só não viu as flores
E o sol
Nas manhãs de setembro

Eu quero sair
Eu quero falar
Eu quero ensinar o vizinho a cantar
Eu quero sair
Eu quero falar
Eu quero ensinar o vizinho a cantar
Nas manhãs de setembro
Nas manhãs de setembro
Nas manhãs de setembro
Nas Manhãs

"MANHÃS DE SETEMBRO"
Portal Embrapa

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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