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MILTON NASCIMENTO SE DESPEDE DOS PALCOS

se despede dos palcos 

Visivelmente emocionado, Milton Nascimento dedicou sua última apresentação nos palcos à cantora Gal Costa…

Por Mídia Ninja

Depois de uma carreira de seis década, Milton Nascimento se despediu dos palcos no estádio do Mineirão que registrou um publico de 60 mil pessoas.

‘A Última Sessão de ‘ foi foi chamada a sua turnê de despedida percorreu cidades do , e Europa durante todo este ano e chegou ao fim no seu estado de origem.

Visivelmente emocionado, Milton Nascimento dedicou sua última apresentação nos palcos à cantora Gal Costa, que morreu no último dia 9 de novembro.

Bituca colocou um ponto final em suas apresentações ao vivo com companheiros de tempos de Clube da Esquina – neste ano, o volume um do Clube, de 1972, foi eleito o melhor disco da música brasileira por um júri convidado pelo Discoteca Básica.

Os músicos Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes e Toninho Horta dividiram com Bituca as músicas Para Lennon e McCartney e Um Girassol da Cor de Seu Cabelo.

Ausências sentidas, entre os convidados, foram Joyce Moreno e Alaíde Costa, duas vozes femininas que têm histórias marcantes com o Clube da Esquina e, sobretudo, com Milton.

O ato derradeiro de A Última Sessão de Música reuniu os principais sucessos da longa discografia do cantor e compositor carioca/mineiro. Estiveram no roteiro canções como Morro Velho, Travessia, Encontros e Despedidas, Cais, Coração de Estudante, Cálix Bento, Tudo O que Você Podia Ser e Canção da América.

No meio da apresentação que durou mais de duas horas, Milton chamou Samuel Rosa, vocalista da banda mineira Skank. Juntos, eles relembraram mais uma do Clube, Trem Azul, composição assinada por Lô Borges e Ronaldo Bastos, este último letrista importante dentro da obra de Milton, assim como Fernando Brant (1946/2015).

Para o último, Bituca soltou um caloroso “Eu te amo!”

A última apresentação de Milton, transmitida ao vivo pelo Globoplay, encerrou uma semana difícil e de muita emoção para os fãs de música brasileira.

Ao final do show, o filho Augusto Nascimento fez uma declaração emocionante ao pai.

Com informações da Agência Estado

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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