Morogate: Intercept divulga novos trechos da #VazaJato

Morogate: Intercept divulga novos trechos da #VazaJato

Para o Intercept, novo trecho mostraria que o procurador Deltan Dallagnol teria recebido de Moro sugestão sobre procuradora. Em nota, ministro da diz que que não reconhece autenticidade de mensagens.

Por Jornal Nacional

Na quarta-feira (19), no depoimento do ministro da Justiça, , no Senado, o senador Nelsinho Trad, do PSD, de Mato Grosso do Sul, questionou o ministro sobre um suposto diálogo divulgado semana passada pelo site Intercept.

Nele, o então juiz teria dito ao procurador Deltan Dallagnol que uma procuradora é excelente profissional, mas que em audiência não ia bem e sugere um treinamento.

O senador quis saber se o então juiz orientou ou não a troca de agentes na operação. Moro deu a seguinte resposta ao senador:

“Não podemos tomar por autênticas essas mensagens. Pelo teor das mensagens, se elas realmente forem autênticas, não tem nada de anormal nessas comunicações. Nenhum momento do há alguma solicitação de substituição daquela pessoa. Tanto que ela continua até hoje realizando atos processuais na Lava Jato”.

 

Nesta quinta-feira (20), o Intercept divulgou um novo trecho por meio de uma rede social. Segundo o site, após receber de Moro a sugestão sobre a procuradora, o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol teria encaminhado o diálogo dele com o então juiz Sérgio Moro ao colega Carlos Fernando dos Santos Lima, citando outros dois procuradores:

Deltan: Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela.

Carlos Fernando: Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do não podemos deixar acontecer.

Para o Intercept, esse novo trecho mostraria que o então juiz Moro comandou a força-tarefa da Lava Jato em violação das regras éticas e que ele teria se comportado como promotor-chefe e revelaria uma contradição com que Moro disse no Senado.

Questionado sobre essa nova mensagem, o ministro da Justiça disse em nota que “não reconhece a sua autenticidade, pois pode ter sido editada ou adulterada pelo grupo criminoso”. E que, “mesmo se autêntica, nada tem de ilícita ou antiética”. A nota acrescenta que, “na suposta mensagem, não haveria nenhuma contradição com a fala do ministro ao Senado Federal, como especulado, e que o texto atribuído ao ministro fala por si, não havendo qualquer solicitação de substituição da procuradora, que continuou participando de audiências nos processos e atuando na Operação Lava Jato”.

A força-tarefa disse que não iria se pronunciar.

FonteJornal Nacional/G1

 

 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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