Morre Rubens Gomes, fundador da Oela

Morre Rubens Gomes, fundador da Oela

Criada em 1998, a Oela tem como objetivo ajudar do bairro Zumbi, zona leste da capital, em situação de vulnerabilidade social. Com informações da assessoria/ redacao@diarioam.com.br

 

Morreu nesta quinta-feira (28), por volta das 23h, vítima de uma parada cárdio-respiratória, o ativista, músico e luthier Rubens Gomes, 60, popularmanete conhecido como ‘Rubão’, fundador da Oficina de Lutheria da (Oela).

Criada em 1998, a Oela tem como objetivo ajudar jovens do bairro Zumbi, zona leste da capital, em situação de vulnerabilidade social. Ao longo de mais de 20 anos, o espaço, além de formar, aproximadamente, 2.300 alunos, no ofício de luthier, passou a se dedicar à causas ambientais, transformando-se na primeira lutheria do mundo a trabalhar com madeiras amazônicas, certificadas com o selo Forest Stewardship Council (FSC) de cadeia de custódia, que acompanha todo o processo de beneficiamento da madeira.

Educação

Ampliando sua atuação junto às carentes, ‘Rubão’ buscou parcerias que fizeram com que a Oela também passasse a atuar na área educacional. Entre elas o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) e o Coletivo Coca-Cola. A organização oferece cursos de informática, preparação para o mercado de trabalho, Libras, entre outros.

Além da atuação no Amazonas, Rubens fez com que a Oela expandisse as fronteiras com um no Arquipélago do Bailique, no Amapá, trabalhando junto as comunidades daquela região, com a produção do açaí de uma maneira sustentável, gerando oportunidade de para a comunidade.

Em 16 de novembro de 2018, ‘Rubão’ foi submetido a um transplante pulmonar na cidade de Porto Alegre (RS) e passou por um longo processo de recuperação, chegando a ficar 1 ano e o8 meses distante de Manaus, para cumprir o Fora de Domicílio (TFD).

Mesmo com todas as complicações de saúde, ele retomou o curso de luteria em 2019, após 2 anos de paralisação das atividades. O projeto retornou com apoio da Brazil Foundation e patrocínio do Banco da Amazônia (Basa).

Rubens deixa a viúva Jessica Santos, que é coordenadora geral de da Oela.

Fonte:  d24am.com

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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