Morreu um grande: Marcelo Zelic
Extremamente significativo o último post dele nesta rede ter sido sobre a proposta, pela ministra dos Povos Indígenas, de criação de uma Comissão da Verdade Indígena.
Por Alceu Castilho
Pois ele teria sido uma das principais pessoas a estar à frente de um projeto como esse, corajosa e intelectualmente à frente de um projeto como esse, crucial nesta nação tão distraída.
O projeto Armazém Memória, que ele coordenava, precisa ser celebrado como uma das principais referências na construção de uma memória sobre direitos humanos no Brasil.
O país perde e não perde pouco. E o país perde em meio a uma curiosa pandemia da superficialidade e da falta de memória, males dos quais Zelic não padecia.
Todos os que trabalhamos com informação e com direitos humanos devemos muito a ele. E precisamos nos comprometer a dar prosseguimento a esse legado.
Cada vítima da ditadura e de tantas outras opressões neste país violento merece ser lembrada, reverenciada. E esse é um trabalho inconcluso, que mal começou. (E isto explica muito a multiplicação de gorilas e cafajestes e assassinos neste país.)
O trabalho tenaz de pessoas como Marcelo Zelic significa a construção de delicadezas em meio aos escombros, o resgate da dignidade de cada uma dessas vítimas em meio ao mergulho no subsolo, nas cloacas políticas e econômicas.
Todos temos muito o que agradecer a ele: todos nós, a sociedade brasileira, pelo menos esta que almeja manter algumas ilhotas de civilização em meio à barbárie, essa senhora violenta e desmemoriada.
Fonte: Alceu Castilho Capa: Acervo Pessoal