O Croa – Cruzeiro do Sul, Acre  

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O Croa – Cruzeiro do Sul, Acre 
 
Croa é o nome de um rio de aguas lentas, afluente do Juruá, a uns 20 km de Cruzeiro do Sul pela BR-364. Os assentados de um projeto de colonização do INCRA desenvolvem um projeto de turismo comunitário com imenso potencial…
O rio, que o Presidente da Associação, Sr. Dedé, chama de lago, tem uma formação de vegetação de superfície belíssima, que forma um tapete verde. Nao fosse isso já de beleza estonteante, tem vitórias-régias! Nao fosse isso já quase o paraíso na terra, as trilhas por terras tem umas Samaúmas imeeeensas! É lindo demais.
 
Não queimam e não desmatam porque identificaram no turismo seu melhor meio de vida! Vivem também do açaí. Sao 74 famílias, 1/3 delas envolvidas no turismo que começou a se desenvolver como atrativo adicional para visitantes de uma comunidade de Daime.
 
São atividades distintas, públicos distintos, e os comunitários valorizam o “feitio” (o fazer) do chá como oportunidade de emprego.
 
No meio deles, Dona Chaguinha é professora da comunidade, hoje aposentada, que tem uma história de vida linda. Era do seringal, foi ser doméstica e queria olhar de igual para igual para suas patroas.
 
Conseguiu porque lia a bíblia, que descreve como fonte de ensinamento religioso, mas também como livro, de onde aprendeu as palavras! Dona Chaguinha ficou famosa porque protagonizou um vídeo que viralizou, com um fenômeno encantado no Croa!
 
 
Segue o link também. Im-per-di-vel.
 
 
Ana Cristina Barros – Consultora. Pesquisadora. Escritora. Anja da Amazônia. As fotos são todas de Ana Cristina Barros. 
 

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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